Autismo:
A questão do toque e do Abraço
Muitos pais e mães ficam frustrados(as) por
seus/suas filhos(as) Autistas muitas vezes rejeitarem o abraço ou mesmo o toque
deles. E não só deles: de outros parentes, visitas, vizinhos, colegas, outros(as)
crianças/adolescentes/adultos também, e ficam se perguntando: Por quê?
A resposta muito por decerto não será uma só,
padronizada, como muita gente gostaria, mas muitas, pois o Autismo é
imensamente variável e em consequência, os Autistas, idem, ou seja, não é
possível, nem desejável, generalizar, pois nenhuma resposta será, honestamente,
aplicável a absolutamente todos os casos.
Mas podemos sim aventar algumas hipóteses
baseadas na Neurodiversidade e na Visão Positiva do Autismo e na vivência
autística, mas é preciso lembrar
novamente que são apenas algumas
de inúmeras possibilidades e que certamente existem muitas outras, que
não devem ser descartadas.
Uma delas se refere ‘as questões da Natureza do
Mundo Interno de Fantasia dos Autistas
(abreviatura:M.I.F. em especial ‘ uma característica comum e universal do MIF: A Previsibilidade.
O MIF dos Autistas é um mundo totalmente
previsível, por que é o próprio Autista que o constrói como quer, de acordo com
sua vontade,ele que define as formas e cores de tudo, ele que define as regras
e leis que regem o mundo dele, e ele que define as personalidades dos
personagens que habitam este mundo. Então, a previsibilidade lhe dá sensação de
segurança e conforto. Só que a Realidade, pelo contrário, é, em muitos pontos,
totalmente imprevisível, em especial, o comportamento humano. Esta
imprevisibilidade, que se comporta de maneira diversa da que o Autista planejou
para ela,é assustadora, posto que desconhecida, e suas consequências potenciais
são ainda mais assustadoras, também por serem imprevisíveis e desconhecidas.
Assim sendo, o ato do abraço ou do toque, são ,
na interpretação do Autista, imprevisíveis,
especialmente se ocorrem de repente, quando ele está distraído, imerso em seus
pensamentos ou no seu MIF, ou em alguma atividade que lhe agrada, onde está
fortemente concentrado. E as consequências, também na interpretação dele,
imprevisíveis, portanto, assustadoras, dado que tudo o que é desconhecido, é
assustador.
A tendência será então o susto e a rejeição, a
insegurança do que pode vir a acontecer depois.
Então fica a sugestão aos pais e mães de, antes
de tentar tocar ou abraçar seu/sua filho/filha autista, caso se note que
ele/ela rejeita o toque /abraço,primeiro procurar , na frente dele/dela,
abraçar outras pessoas e/ou crianças (os irmãos dele/dela, por exemplo) na
frente dele/dela, e combinar com a pessoa abraçada, de ambas as pessoas que se
abraçam reagirem ao abraço sempre da mesma forma, e procurem repetir estes
abraços na frente dele no dia a dia. Com o passar do tempo e das repetições, ele/ela
gravará na mente tais reações, verá que o gesto do abraço é previsível, se
sentirá mais seguro por saber exatamente o que esperar do abraço, e tenderá
a ele/ela mesmo(a) espontaneamente pedir
o abraço e se deixar abraçar, lembrando sempre que, neste caso, deverá se
reagir ao abraço dele/dela exatamente como foi feito com as outras pessoas
antes.
Em outros casos, Autistas podem simplesmente não
gostar do toque/abraço ou mesmo o considera-lo desagradável. Se for este o
caso, o melhor é respeitar e não ficar tentando forçar toques e abraços, ou a
insistência, especialmente se sitemática, o/a poderá levar a entrar em crise.
Outra possibilidade é a de o toque /abraço
estarem interrompendo/atrapalhando a concentração dele/dela no meu MIF , nos
seus pensamentos, nas atividades que ele gosta, o que o poderá deixar irritado.
Então, nada de “grude”, vamos deixar que o “grude” seja espontâneo da parte
dele para então corresponder, e vamos evitar de ficar abraçando, tocando e
beijando quando ele/ela estiver visivelmente muito concentrado/a em alguma
coisa, nestes momentos, o que o/a Autista quer , é ser deixado(a) em paz, sem
interrupções, especialmente frequentes.
Então é isto, espero que estas dicas lhes possam
ser úteis !
Cristiano Camargo !
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