quinta-feira, 21 de novembro de 2019

O difícil relacionamento entre Autismo e a Mídia

A mídia, sobretudo a jornalística, tem tido, desde sempre, enormes dificuldades em retratar o Autismo  de uma forma positiva.
Vivemos, infelizmente, numa sociedade do espetáculo, onde o grotesco, o tosco, o violento, a vilania, bruto e o sofrimento são as estrelas principais. E quem proporciona o espetáculo 'a Sociedade, ou melhor, usa e distorce, filtra o que tiver de mais sanguinholento , vil , criminoso, violento, bruto, horrendo, bárbaro, e coloca do modo mais sensacionalista e espetaculoso (de muito mau gosto, por aliás), torcendo e distorcendo , omitindo partes ou fatos inteiros, tirando de contexto, descontextualizando mesmo, tudo o que de mais horrível , violento e vil tiver na sociedade. Há uma mentalidade de "quanto pior melhor", e uma crença desonesta e hipócrita de que seja isto "que o público quer". E também entra nisto, tudo o que a Sociedade considera estranho, esquisito, diferente.
E então a Mídia , especialmente a jornalística, se volta para o Autismo.
E para retratarem os Autistas nos jornais e telejornais, a mídia se acha no direito de achar que "o público precisa de algo sensacional, esquisito, estranho, histérico, alarmante, escandaloso, para atrair a atenção e dar audiência".
Então, eis que pois, imagens de Autistas que venceram na vida, se superaram, são calmos, tranquilos, inteligentes e cujo comportamento "se pareça com uma pessoa normal na frente das câmeras" simplesmente não é atraente para a mídia jornalística ou para o cinema.
É preciso, para a Mídia, um "apesar de", algo negativo que não só contrabalance, mas que supere os aspectos positivos dos Autistas para que possam ser mostrados na TV, nas redes sociais, nos cinemas.
É preciso, a Mídia necessita desesperadamente disto, pois acha que isto é que chama a atenção do público, mostrar o Autista como se fosse um doença e mostrar o Autismo como se fosse uma doença incapacitante e escandalosa, que cause medo e pena no público, mas que também desperte no público o que tiver de pior em termos de preconceito, discriminação, estigma social.
A Mídia sente que  precisa de qualquer jeito estigmatizar e marginalizar os Autistas e o Autismo, e com a ajuda de certos psiquiatras, patologizar, inferiorizar, ridicularizar, minimizar, humilhar autistas e o Autismo perante a Sociedade, por que a intenção da Mídia é construir uma Imagem Pública Negativa do Autismo e dos Autistas.
É preciso criar e manter estereótipos fantasiosos de Autistas e tentar padronizá-los e tentar eliminar a diversidade Autística, assim pensa a Mídia.
Por que humilhar, rebaixar, inferiorizar e ridicularizar pessoas é o que a Mídia ama fazer na vida, sobretudo a jornalística.
Pior que as pessoas consomem este lixo, e muita gente vibra com Autistas tendo surtos, batendo cabeça até sangrar, tendo respostas agressivas 'as agressões e bullying que sofrem de outras, ou, pelo menos, agindo de modo incomum para fazer as pessoas rirem deles.Por que é isto o que a Mídia procura oferecer ao público.
Quando um Autista alcança o sucesso e se dá bem, a Mídia busca defeitos nele, e fala que "apesar do Autismo" ele conseguiu, "apesar da doença, do transtorno, ele conseguiu", ou ainda fala que, "apesar do sucesso na área tal, em outras áreas como sociabilidade ele é bem ruim", etc, por que a Mídia não quer passar uma imagem realmente positiva, com medo de perder o espetáculo e seu público detenesco.
É por tudo isto que é tão importante procurarmos mudar o modo como as pessoas veem o Autismo e os Autistas, e lutarmos para que a Mídia retrate os Autistas e o Autismo de modo positivo, que cause admiração, não medo ou pena.
Por isto é tão importante para Autistas e também para seus pais e para os profissionais médicos e educadores da área, mostrar o Autismo e os Autistas de modo positivo e construir uma Imagem ´Pública Positiva do Autismo:
É uma questão de honra e dignidade, mas é uma questão também de combater o Estigma Social contra nós, os estereótipos, o preconceito, a discriminação, a psicofobia, a patologização, os espectrismo, a infantilização, o deficientismo, e mostrar a nós Autistas como realmente somos, e mostrar o quanto podemos contribuir de positivo para a Sociedade e para a sobrevivência da Humanidade.

Cristiano Camargo

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