A
Banalização da Doença como
forma de discriminação das Diferenças
Numa
Sociedade onde tudo é doença,
Ninguém
mais é saudável,
Inclusive
e principalmente
Quem
aos demais chama de doente,
Ter
dó dos que julga inferiores
Não
te faz sensível nem afável,
E
sim falsamente amável,
Com
ódio no coração e amor nas palavras,
Na
verdade toda esta falsidade,
Te
faz um Dominador insaciável,
Não
queres Inclusão e sim supremacia,
Incluir
como doente é uma forma de Exclusão,
Onde
todos que lhe são coniventes,
Chafurdam
covardemente na Hipocrisia !
Hoje em dia tudo é doença, numa miríade sem fim
de síndromes, transtornos, desordens, disfunções, perturbações, todas
apresentadas como se fossem aberrações psiquiátricas, que levam os manuais de
doenças psiquiátricas a ficarem cada vez mais volumosos e cada vez mais difícil
conceituar o que seja uma pessoa “saudável” .Tudo isto alavanca uma indústria a prosperar e lucrar alto mesmo nas piores
crises, aliás, quanto mais a crise, maior a proliferação de novas e
mirabolantes “doenças”.
A pessoa é tímida? É doente !
A pessoa não gosta ou não quer se socializar ou
interagir socialmente?É doente !
A pessoa tem trejeitos diferentes, faz movimentos
circulares, repetitivos ou gosta de manipular ou brincar com objetos com
movimentações circulares e/ou repetitivas?É doente!
A pessoa é distraída?É doente?
A pessoa não quer saber de relacionamentos
amorosos e/ou sexo?É doente !
A pessoa é calada, ou não quer verbalizar, ou não
verbaliza no tempo que a Sociedade ditou como saudável? É doente !
A pessoa tem um Mundo Interno de Fantasia?É
doente!
A pessoa tem um processo de desenvolvimento e de
aprendizado/amadurecimento diferente das demais? É doente!
A pessoa é diferente de você ou do que você
gostaria que ela fosse?É doente !
Se você vê doença em qualquer destas coisas e
passa a se referir ‘a pessoa como um diagnóstico e não mais como a pessoa
humana, o problema , a doença , não está na pessoa, está em você.
Se você vê doença em qualquer coisa ou qualquer pessoa que não seja igualzinha a como
você é, que não se comporte igualzinha ao seu comportamento , em quem não tem
hábitos, culturas,trejeitos, costumes, valores, ideologia, cor de pele, gênero,
natureza iguais aos seus/suas, o problema, a doença não está na coisa ou na
pessoa, está em você!
Se você só é capaz de ver as Diferenças como
doenças, síndromes, transtornos, desordens,
disfunções, alterações, perturbações, é olha para a pessoa diferente de você e
só vê nela um diagnóstico e só consegue se referir a ela como um diagnóstico, o
problema , a doença, está na pessoa para a qual você aponta seu dedo acusador,
está em você !
Se você só consegue ver as Diferenças como
Diagnósticos, e não como Naturezas de Ser, o problema não está na Diferença,
está em você!
Se você não consegue ver as Diferenças como doenças e não como uma
Diversidade natural da espécie humana, o problema não está na Diferença, está
em você !
O problema não é a Diferença. O problema não está
na Diferença, nem na Diversidade, está na Sociedade excludente, que não
aprendeu a lidar com o que não lhe é espelho, e que por isto mesmo espelha sua
ruína, sua falta de caráter, seus vícios, seus defeitos, sua corrupção,
sobretudo de valores, sua falta de empatia e sensibilidade, enfim, sua doença.
E a doença a que me refiro não é uma doença
psiquiátria, não está em nenhum DSM ou
CID. É uma doença de caráter, cujos sintomas são falta de sensibilidade,
empatia, de democracia, de inclusão, de tolerância,de altruísmo, de
honestidade, honra , e seus reflexos são medonhos:Estigma Social, Preconceito,
Intolerãncia, Discriminação, Exclusão.
Se ser doente é ser Diferente e ser saudável é
ser igual, padronizado, a Sociedade não é mais humana, é uma sociedade
artificial, de monstros, é uma Ditadura Opressora que impõe a ferro e fogo o devaneio pernóstico e ilusório da “Normalidade”-
uma ficção que não existe, nem nunca existiu, mas que muitas pessoas sentem uma
necessidade imperativa de acreditar que exista.
E por que chamar tudo de doenças, síndromes,
transtornos, disfunções, etc? Para lotar consultórios e vender mais remédios?
Somos gente ou somos consumidores? Existimos como
propósito único de consumir e produzir para o Mercado, ou para sermos felizes,
vivermos emoções, alegrias, realizações ?
Isto é ser saudável? É isto que é ser “Normal”?
Cristiano Camargo
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