terça-feira, 10 de outubro de 2017

Autismo: Olhar além do Diagnóstico !


Todos os Autistas são capazes e tem os mesmos potenciais. Por isto que acho q faz muito mal aos autistas e a própria causa do Autismo estas classificações de “espectro de Autismo” e/ou “Alta/baixa Funcionalidade/Desempenho”, etc: elas criam castas mentais, colocando umas como mais favorecidas e outras predestinadas a não desenvolver; oras , isto e um absurdo de discriminação! E não podemos dar chances menores e piores, com menor potencial de desenvolvimento para uns e as melhores chances para os demais, só porque olhamos para uns e não vemos potenciais neles, só por que ficamos cegos para seus potenciais de tanto q só enxergamos neles o q as pessoas chamam de " estado deles", "condições deles". Não, não temos este direito, ninguém tem. Quem tem o direito de se desenvolver é o Autista e quem tem o dever de ajudar somos nós , os envolvidos com o Autismo. Assim, não podemos abrir os olhos para uns e fecharmos para outros, por tudo isto sou contra classificações e este conceito horroroso de "espectro".
Acredito que o meu exemplo seja bem alusivo:
Quando eu era criança, não falava nem andava , e tinha convulsões constantes até os 5 anos de idade.
Agora imaginem: se ao invés de ter nascido em 1963, eu tivesse nascido há5, 10, 15 anos atrás e fosse ser diagnosticado do jeito que eu estava na minha primeira infância nos tempos de hoje, os psiquiatras teriam de classificado como “severo”. E se meu pai tivesse dado ouvidos ao meu psiquiatra e achasse que eu não tivesse nenhum potencial, nenhuma capacidade para nada, que eu não iria evoluir, me superar, me desenvolver, como eu seria ao chegar a fase adulta.
O que teria sido de mim se na época meu pai chegasse para quem dissesse que era para apostar em mim, acreditar no meu potencial, investir em mim, respondendo:
“-Olha o estado em que ele está ! Não fala, não anda, só tem convulsões, nunca vai ser nada na vida ! Como você acha que posso acreditar que ele tenha potencial nestas condições? Capacidades? Que capacidades? Que capacidades pode ter alguém que não fala, não anda, só convulsiona o temo todo? Como? De que jeito? Me diz ! Está ficando louco?”
Pois é. Se ele pensasse assim, como muita gente que critica minha Visão Positiva do Autismo e minha defesa ‘a Neurodiversidade e minhas críticas ao conceito de “Espectro do Autismo”, hoje eu não seria nada. Não teria feito nada, e continuaria a ter convulsões e ficar sem falar e andar. E as pessoas continuariam pelo resto da minha vida achando que eu não teria capacidade, nem potencial para nada.
Mas não. Meu pai olhou fundo nos meus olhos e acreditou. Apostou, investiu, estimulou. Ele teve três filhos: um autista, um bipolar e uma TDAH. E tratou os três exatamente do mesmo jeito, com as mesmas exigências. Não exigiu menos de ninguém, nem achou que nenhum deles fosse coitadinho e não superprotegeu a ninguém, mesmo depois dos diagnósticos se confirmarem. Ok, fui diagnosticado só aos 41 anos, quando eu já tinha me superado em quase tudo, mas desde criança ele percebeu minha diferença, mas diferente dos colegas dele neurocientistas de hoje, não viu em mim um diagnóstico, mas uma pessoa com potencial e capacidades. Ele viu, percebeu, minha vontade de me superar e realizar meus sonhos, e acreditou neles. Ele viu em mim uma pessoa, não um diagnóstico ambulante a ser confimado , como tantos profissionais fazem hoje em dia.
E que fique claro: não estou dizendo tudo isto para culpabilizar nem acusar a ninguém. Nem para ficar adulando meu pai. O objetivo aqui é mostrar, por um exemplo prático e real, que a condição atual em que o Autista se encontra, por menos inspiradora que pareça, não deve nunca ser usada como critério para estabelecer se um Autista deve ter ou não chances de se superar, nem ser usada para negar potencial e capacidade para ele. Por que Autistas podem surpreender, e muitas vezes o fazem mesmo, e o potencial e a capacidade que se achava que não se tinha, aparece, cresce e floresce, quando menos se esperar. Então, eis que pois, olhar para a criança, o adolescente, o adulto autista, e achar que, só por que ele está assim agora, será assim para sempre e nunca terá capacidades e potenciais, é negar seu desenvolvimento, sua evolução, seus progressos, negar seu futuro e seus sonhos.
Hoje sou o que sou e conquistei o que conquistei, e não dependeu nem só de mim, nem só de meu pai. Dependeu de uma série de fatores, mas um que foi decisivo e aglutinou todos os outros para que se combinassem a conspirar para que eu desse certo na vida foi justamente meu pai não ter se deixado levar pelas aparências, por que doutores para dizer que eu estava condenado, quando eu era criança, tiveram muitos. Mas hoje, eu e meu pai mostramos que estes médicos estavam todos enganados e nós estávamos certos. Pois ser Autista é estar certo em remar contra a maré, e ser pai /mãe de Autista é estar na mesma canoa ao mesmo tempo manejando o timão, e remando contra a maré com o filho, pelo filho, não importa que todos digam que não vão conseguir. Porque conseguem ! Por que é possível. E o Impossível se conquista com o Acreditar !
Hoje sei, eu e meu pai tomamos as decisões certas, obrigado, Pai !
Vamos e frente, temos mais pessoas como nós por ajudar !

Cristiano Camargo

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