Muito se debate
sobre a questão da chegada do diagnóstico para Aspergers, se “precoce” ou “tardio”,
qual seria melhor ou pior, etc.
As palavras precoce e
tardio foram colocadas entre aspas por que para a Neurodiversidade, estas
palavras simplesmente não fazem sentido, e não fazem porque são baseadas no
conceito patologizante/espectralista/reducionista de desenvolvimento
neurotípico como se fosse o único existente. E não é.
O Processo de
Amadurecimento e Desenvolvimento Autista/Asperger é completamente diferente do
neurotípico, com outros eventos distintos, velocidade e ritmo muito variáveis
sim, mas muito diferentes do que se observa no Processo de Amadurecimento/Desenvolvimento
Neurotípico. Então não é possível aplicar o Processo de
Amadurecimento/Desenvolvimento Neurotípico a Autistas, sem que haja danos
potencialmente graves a seu desenvolvimento e sua saúde mental.
Em vista disto, a
idade com que se deve diagnosticar a Asperger é muito variável e relativa.
Psiquiatras e Neuros
costumam detectar o Autismo até desde a fase da primeira infância (na contagem neurotípica)
sendo que eles convencionam que a idade mínima para detecção mais precisa seja
por volta dos sete/oito anos de idade. Muitos Aspies podem ser diagnosticados
bem mais tarde, já adultos, já com vinte a cinquenta anos de idade ou até mais.
No entanto, porém,
em muitos casos, diagnosticar mais tarde pode trazer grandes benefícios ao
Autista.
Quando a detecção
ocorre muito cedo, costuma ser muito imprecisa, e o risco de ser confundida com
outras coisas completamente diferentes é bem grande.
Devido ao fato de
que a maioria dos terapeutas terem uma visão patologizante/espectrista/reducionista
do Autista, muitos deles já entram com remédios psiquiátricos pesados desde
muito cedo, o que a longo prazo potencialmente pode trazer grandes malefícios
ao Aspie.Muitas vezes se entram com terapias das mais diversas, que, na sua mentalidade,
tem como objetivo tentar transformar o comportamento autístico em neurotípico,
tentando convencer o Aspie a imitar o comportamento neurotípico e exercendo uma
violenta pressão desde muito cedo para aumentar sua sociabilidade/socialização.
Isto pode levar o
Aspie a grandes angústias, frustrações e depressões, além de causar baixa auto
estima, pois ele se vê pressionado a rejeitar sua Asperger e seu jeito de ser,
ir contra sua própria Natureza e Identidade e rejeitá-las, o que trará prejuízos
psíquicos graves a longo prazo. Neste processo, outra atitude comum nestas
terapias costuma ser a desvalorização e rejeição de sua Mundo Interno de
Fantasia, pregando sua extinção, algo que também a longo prazo pode acarretar
como consequência a loucura pura e simples.
Ou seja, os
procedimentos pós-detecção estão completamente equivocados, na direção
contrária da que deveria ser.
Diante deste quadro,
é mais saudável retardar-se a detecção, pois o Aspie será obrigado a se
esforçar para se superar sozinho, e quando a detecção chegar, ele já estará
maduro para recebê-la e entendê-la.
No caso do autor
deste artigo, a detecção somente aos 41
anos de idade foi bastante salutar, saudável e fez muito bem. Quando foi detectada a Asperger, quase tudo já
tinha sido superado.
Entretanto, nos anos
60 não haviam tantas pressões por sociabilidade como hoje em dia, mas já na
época, ninguém saber que se era Aspie ajudou a não passar por estigmas,
preconceitos e discriminações. Eis que pois, nos dias de hoje, detectar cedo
pode atrair preconceitos ,estigmas e discriminações sociais mais cedo.
Devido ao fato de
que nas três últimas décadas, a pressão social em cima dos Diferentes cresceu exponencialmente,
muitos aspies mais novos de trinta anos de idade ou mais novos, se sentem
angustiados,deprimidos e com uma sensação de rejeição social, sentindo-se verdadeiros
ET´s sociais, sentindo-se destoar da sociedade, levando-os a conflitos com suas
Naturezas e Identidades, predominantemente isolacionistas, contemplativas e
introspectivas, tentando combate-las, geralmente sem sucesso e caindo na
armadilha do círculo vicioso da auto rejeição/angústia/depressão/queda na auto
estima e auto confiança.
E quando vem a
detecção, e os médicos e a sociedade passam a chama-lo de doente, já que para
estes a detecção nada mais foi do que a confirmação de suas convicções
patolozizantes/espectrantes/reducionistas, portanto, uma autorização para a
confirmação de um exercer impune e justificado de
preconceitos/discriminações/estigmas sociais/intolerâncias, ao invés de apoiar
e orientar o Aspie por seu Processo de Amadurecimento/Desenvolvimento Autista/Asperger,
e procurar elevar sua auto estima, auto confiança e auto aceitação de sua
Natureza/Identidade, só agravam as coisas, tentando fazer com que ele se “normalize-se”
e tente ser neurotípico, ou seja, quem ele não é. Pressionando-o selvagemente
de todas as formas para ter amigos e se sociabilizar, desrespeitando assim seu
processo de desenvolvimento diferente,
sua natureza, sua identidade, seu jeito de ser, tentando destruir seu Mundo
Interno de Fantasia.
O que está errado
então não é tanto a idade com que se detecta, mas sim o que se faz ao detectar
e depois que se detecta.
Se os procedimentos
pós detecção fossem guiados pelos preceitos da Neurodiversidade, da Visão
Positiva do Autismo, dos Conhecimentos do Lado de Dentro do Autismo e
respeitando e seguindo o Processo de Amadurecimento/Desenvolvimento
Autista/Asperger, tanto faria a idade em que fosse feita a detecção, e na
verdade poderia ser feita a revelação levando em conta o volume de pressão
social ao qual o Aspie foi submetido, e a detecção do nível de
angústia/depressão/auto rejeição que ele apresenta devido a estas pressões
sociais externas.
O ideal é prepara-lo
psicologicamente primeiro, trabalhando a auto estima, auto confiança, auto
aceitação, para depois, quando for revelar, apresentar a Asperger como algo
positivo e bacana, como uma Natureza, uma Identidade e valorizando as
características contemplativas/isolacionistas/introspectivas, mostrando-as como
positivas.
Isto certamente
resultará em Aspies mais felizes e bem resolvidos, que poderão serem inseridos
na sociedade com mais eficiência, pois terão mais sucesso em enfrentar as
pessoas e suas pressões, aproveitando suas qualidades e talentos, inclusive
profissionais e realizando seus sonhos.
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