terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A delicada questão da Não Aceitação de Autistas pelos Pais e pelas Mães

A delicada questão da Não Aceitação do Autismo pelos Pais e pelas Mães

Ser Autista é uma Natureza de Ser, no entanto, pouca gente aceita/entende  isto. Porém, hoje o assunto é a questão da  grande dificuldade que muitos pais e muitas mães tem de aceitar que seu filho ou sua filha seja Autista.Preconceito, dirão uns. Intolerãncia, dirão outros. Ignorância/desinformação, mais outros poderão dizer ainda.Independente de o que fulano ou ciclana pensem, de qualquer forma, é uma forma de não  aceitação do Autismo.
Entretanto,existe um  lado desta questão que é  justamente a de uma forma mais ou menos velada de não -aceitação. Muitos pais e mães não querem que seu filho ou sua filha sejam Autistas por que acham que  ser Autista seja ruim, este é o ponto  eles/elas  acham ruim mesmo sem nunca terem sido  Autistas(nem poderiam ser, nem nunca serão, pq não é esta a Natureza de Ser deles).O outro lado é o de pais e mães superprotetores(as), que querem proteger seu filho/sua filha de sofrer preconceitos, pois acham que ele/ela sofrerá e terá de enfrentar muitos preconceitos se as pessoas souberem que ele/ela é Autista. Mas a questão é mais complexa que isto, por que envolve o ego e a vaidade do pai ou da mãe do/da Autista também,está se abordando agora a Questão da Comparação Social, que muitos pais e muitas mães de Autistas sofrem em seus relacionamentos com outros neurotípicos, ou seja, parentada, colegas de trabalho, amigos, profissionais,etc.; assim muitos pais e muitas mães não querem que o/a filho(a) dele/dela seja confirmado(a) Autista ou aceitar que ele/ela seja não apenas por que acham que o/a filho(a) será mal visto(a) na sociedade(como um doente coitadinho, pois é desta maneira absurda que a Sociedade vê os Autistas) , mas por que ele/ela (me refiro aos pais e 'as mães) serão mal vistos(as) pela sociedade, e poderão sofrer preconceitos cheios de dedos apontados para eles,  os culpabilizando por "terem deixado o/a filho(a) dele/dela  virar Autista", e cobrando "por que não tomaram uma atitude antes", pressões típicas de sociedades ignorantes e preconceituosas, que forjaram pessoas idem, que não admitem nenhuma diversidade, que nunca passaram por enfrentar um terapeuta geladeira e nem tem idéia do que seja ser mãe ou pai de Autista, pois nunca tiveram filhos Autistas na vida, como podem julgar, condenar, culpar, apontar?
.O pavor destes e destas  pais e mães de Autistas de passarem por estas situações, e ainda correrem o risco de perderem empregos, terem carreiras destruídas, serem expulsos dos círculos sociais junto com seus filhos e serem humilhados ( medo de que sejam considerados doentes por terem filhos que a sociedade considera como se fossem doentes)reforça o preconceito deles mais ainda.Esta questão de ego e vaidade, aliás, está bem mais ligada a pais do que mães, sobretudo a pais que abandonam esposas e casamento, ou pedem divórico só por que descobriram que o filho é Autista. E aí, descobre-se o óbvio: a pessoa achar que o/a filho(a) ser Autista seja ruim, é apenas a ponta do iceberg.Abaixo, submerso , escondido, vem  o medo de eles receberem um carimbo na testa escrito "pai/mãe de Autista" e sobrevirem as consequencias, principalmente sociais disto, e, ainda mais abaixo, e mais escondidos, a insegurança  de  "virem a  ter mais filhos Autistas futuramente". Inclusive muitos casais param de ter filhos por causa deste receio e terem de enfrentar estes medos e situações tudo de novoTudo isto, este iceberg todo de insensibilidade e intolerãncia gélidas, é feito de pura ignorãncia e desinformação maciças, num conservadorismo irracional baseado em estereótipos caricatos  de filmes que fazem idéias bem falsas e/ou falam mal 'a beça do Autismo, fora os estereótipos em novelas, programas humorísticos, etc, que pouco tem a ver com os/as Autistas reais.Mas esta não é a única razão: muitos pais e mães,especialmente as mães, eu diria, sofrem verdadeiros massacres e cenas de terror nas mãos de terapeutas -geladeira que fazem do Autismo um verdadeiro filme de terror tipo Poltergeist,arrasam com a imagem opública do Autismo e dos Autistas, julgam e condenam Autistas e Autismo ao inferno eterno  do sofrimento e dor, dacondenação 'a supressão total de sociabilidade, de fala, de felicidade.Enfim, tais monstros destroem esperanças ao invés de criá-las ( o que seria o certo) e incutem nas cabeças delas uma mentalidade patologizante, reducionista , espectrista e infantilizadora, com a clara intenção de tornar os filhos e as filhas delas em consumidores(as) vorazes de remédios psiquiátricos, alguns deles viciantes,e mantê-las eternamente dependentes dos pais e da sociedade, infantilizadas e com seu desenvolvimento imobilizado por décadas, de propósito e com prazer, e alguns destes terapeutas geladeiras tem verdadeiro prazer em ver o sofrimento das mães,e a intenção deles é esta também, e muitas saem mesmo destruídas, num luto que parece infinito e numa desorientação total, sobretudo com tanta informação conflitante e também, com tanto charlatão vendendo "soluções mágicas" perigosas e até mortais.É de todo este contexto que nasce o ódio ao Autismo, a culpabilização do Autismo, a não aceitação do Autismo:ter sido mal orientada por um mau profissional.
Eis que pois, pais e mães não tem qualquer culpa neste tipo de atitude , mas certos profissionais, e a literatura científica patologizante  sim tem (muita ) culpa nisto.
Porém, se existem tantas (des)informações equivocadas sobre Autismo em que as pessoas acabam acreditando por causa da aura mágica de "Dr./Dra.", estas são espalhadas , em muitos casos por pessoas que querem uma Supremacia Neurotípica, uma atitude eugenista  e higienista, que visa eliminar as Diversidades e as Diferentes Naturezas de Ser da Humanidade, do Planeta.
Diversidades existem para serem aceitas, respeitadas,acolhidas dentro da Sociedade.Pois Padrões não são só uma forma de higienizar no sentido mais eugenista da coisa,são uma forma de oprimir, acorrentar, e uma forma de escravizar e prender Naturezas de Ser/Diversidades em jaulas ditatoriais de masmorras falsamente morais, para que a Humanidade continue nas trevas da Massificação, tentando enquadrá-las em fôrmas sociais que são na verdade prisões.

Cristiano Camargo