sábado, 20 de maio de 2017

Autismo:Em relação aos diferentes desenvolvimentos humanos



Autismo: Em relação aos diferentes desenvolvimentos humanos

O desenvolvimento a que Piaget se refere é o desenvolvimento neurotípico, e na verdade é uma média estatística, pois mesmo entre neurotípicos estas idades variam.No tempo de Piaget o conhecimento sobre o Autismo ainda era minúsculo e muito mais pautado por preconceitos e por uma visão patologizante do Autismo do que hj em dia, em que esta visão ultrapassada ainda impera, mas que a Neurodiversidade já existe e aos poucos vai abrindo caminho para derrubar mais este dogma.Então o desenvolvimento a que Piaget se refere se aplica tão somente para os neurotípicos, pois não se aplica aos Autistas, que tem um processo de desenvolvimento completamente diferente (e com velocidade muito mais variável) do que o processo de desenvolvimento neurotípico. No que as pessoas fazem de errado é : 1) Pegar o processo de desenvolvimento neurotípico descrito por Piaget e tentar aplicá-lo a Autistas, querendo de todo modo que Autistas se desenvolvam segundo este processo; 2) Usar o processo de desenvolvimento neurotípico descrito por Piaget, elegê-lo como padrão e exemplo de saúde mental para toda a Humanidade, ignorando toda a diversidade mental da Humanidade, e colocar outros processos de desenvolvimento, como o autístico, como se fossem doentes,atrasos, comprometidos, pq não se encaixam no moldes e nas datas estabelescidas pela descrição de Piaget.Aí inventam transtornos,desordens, disfunções, afinal, para estas pessoas, a Humanidade inteira TEM que ter aprendido a falar no máximo aos 2 anos, ou é inferior, deficiente, doente, incapaz, etc. Não, as coisas NÃO SÃO assim.O processo de desenvolvimento autista é outro processo, não deve nem pode ser analisado segundo os critérios neurotípicos de Piaget, pois estes estão corretos, mas só valem única e exclusivamente para neurotípicos e mais ninguém.Não existe universalidade mental, não existe padronização mental, existe diversidade mental,isto sim. Por isto mesmo é errado falar em atrasos cognitivos, intelectuais e sociais quando se referir a Autistas, e por isto também é errado falar em comprometimento quando se referir a Autistas. Não existe uma só régua para medir desenvolvimentos,nem existe um só desenvolvimento válido. Não se pode comparar bananas com laranjas. Querer medir o desenvolvimento de um Autista usando os critérios de desenvolvimento neurotípicos é como medir laranjas usando como critério os padrões de crescimento da banana tendo como parãmetro o comprimento que a banana alcança , sem levar em conta que o crescimento da laranja se dá em diãmetro, não em comprimento.Por estes critérios a laranja nunca alcançará o comprimento da banana, e aí virá alguém dizer que a laranja tem comprometimento no seu desenvolvimento, embora ela esteja madura, sadia e cheia de um sumo delicioso que a banana jamais terá.Então, não há comprometimento de desenvolvimento no Autismo.Há outro desenvolvimento , a ser estudado e medido por outros parãmetros e padrões, os autísticos.

Cristiano Camargo

domingo, 7 de maio de 2017

A importãncia da Briquedoteca no acompanhamento das crianças Autistas




A importância da Briquedoteca no acompanhamento clínico de crianças Autistas


A brincadeira lúdica nas brinquedotecas são extremamente importantes para as crianças autistas, em especial as ainda não verbais, não apenas para que elas tenham o com que se divertir, mas tb para elas terem com o que desenvolverem e estimularem seus Mundos Internos de Fantasias.Já para o (a) terapeuta, é extremamente importante para a observação não apenas do comportamento, mas para a interpretação do simbolismo psicanalítico por trás dos atos brincares da criança, das histórias que elas criam e das histórias que estas histórias silenciosas(ou nem tanto) contam, mostrando ali sentimentos,traumas,rejeições, insatisfações com as incompreensões, e tantas outras expressões que, ao contrário do que muita gente pensa, não necessita obrigatóriamente de palavras para expressar. O (a) terapeuta precisa ter a malícia, a manha, de pegar no ar o sentido e a lógica das brincadeiras, captar o simbolismo, a história e o que ela quer dizer e contare interpretar psicanalíticamente para conceber uma brincadeira lúdica de resposta para orientar a criança. Inclusive o ideal é ter uma câmara escondida na sala, onde o(a) terapeuta possa acompanhar as brincadeiras e as recomendações da criança para estudá-las depois, sendo que parte do acompanhamento deve ser interativo, do(da) terapeuta brincando com a criança, e a outra parte deve ser com a criança brincando sozinha e sendo observada remotamente sem que o(a) observador(a) seja visto(a).Outra recomendação: ter sempre na brinquedoteca objetos de uso comum nas casas, como controles remotos de televisão(sem pilhas), canetas, réguas, celulares antigos que não se usam mais e não funcionam mais, e, claro, o Lego e assemelhados não pode faltar nunca!

Cristiano Camargo

terça-feira, 2 de maio de 2017

Por que a Conscientização Positiva do Autismo é uma missão para mim?



Por que a Conscientização Positiva do Autismo é uma missão para mim?

Para responder a esta pergunta, eu gostaria de  fazer algumas citações célebres do dramaturgo norouguês do século XIX Henri Ibsen, que acredito terem tudo a ver comigo e tudo a ver com a causa do Autismo também, e mais algumas citações de outros dramaturgos e filósofos clássicos.
Eu diria que é por que eu ajo de acordo com minha consciência e meus princípios , e sustento meus argumentos  no que eu acredito, no meu conhecimento e nas minhas experiências, afinal, “  Um homem livre não tem o direito de agir de uma forma que o leve a ter vergonha de si mesmo”(Ibsen).
Mas, diriam alguns, a corrente da visão patologizante do Autismo, que o v~e como se fosse uma doença, é tão predominante, então, você não estaria errado, não estaria remando contra a maré?Diriam alguns.
Posso assim responder, com outra frase de Ibsen em sua peça “O Inimigo do Povo”: “O Homem mais forte é o que está mais sozinho” !
No entanto, poderiam insistir outros, me questionando: Mas a visão patologizante do Autismo, a teoria do Espectro do Autismo já são tão arraigadas, tão solidificadas  na cabeça das pessoas, como você pode ter certeza de que você esteja certo e sustentar que todos os demais possam estar errados?
Minha resposta citaria Ibsen mais uma vez: “Quando uma verdade envelhece, ela se transforma em mentira”.
Aos que, ainda assim, me acusam de querer ser do dono da verdade, argumento com outro dramaturgo, Pirandello, que dizia que não existe uma verdade absoluta, somente a verdade pessoal de cada um de nós. E poderia encerrar meus argumentos, por fim, com uma frase socrática muito famosa: “Só sei que nada sei, e o fato de eu ter consciência disto me coloca em vantagem em relação aos demais”.
Não sou perfeito. Longe disto. Não sei tudo sobre o Autismo. Este é tão vasto, tão imenso e infinito, que qualquer pessoa poderia viver mil vidas sem conseguir saber tudo sobre o Autismo, mesmo que seja Autista.
Mas é extremamente importante conscientizar positivamente inclusive os demais Autistas, pois, como diria Lukáks em sua obra “O Conceito de Angústia”:  “o proletariado se realiza apenas após a sua abolição”.
E vale a pena lutar por esta conscientização, de Autistas, pais , terapeutas, professores e público em geral, afinal, a justificativa pode ser expressa por Kierkegaard em sua obra “Migalhas Filosóficas”: “Sofrer é só uma vez, vencer é para sempre”!
E se me questionarem se esta iniciativa de conscientização tão diferente da que as demais pessoas fazem não seria por demais ousada, lá vem Kierkegaard outra vez: “ Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente, não ousar é perder-se”.
E se por fim me disserem que eu não esteja valorizando os trabalhos de quem fez esta conscientização antiga e não estaria sendo arrogante, poderei citar Kerkegaard uma última vez:
“A vida só se compreende mediante um retorno ao passado, mas só se vive  para adiante”

Cristiano Camargo