quinta-feira, 21 de novembro de 2019

O difícil relacionamento entre Autismo e a Mídia

A mídia, sobretudo a jornalística, tem tido, desde sempre, enormes dificuldades em retratar o Autismo  de uma forma positiva.
Vivemos, infelizmente, numa sociedade do espetáculo, onde o grotesco, o tosco, o violento, a vilania, bruto e o sofrimento são as estrelas principais. E quem proporciona o espetáculo 'a Sociedade, ou melhor, usa e distorce, filtra o que tiver de mais sanguinholento , vil , criminoso, violento, bruto, horrendo, bárbaro, e coloca do modo mais sensacionalista e espetaculoso (de muito mau gosto, por aliás), torcendo e distorcendo , omitindo partes ou fatos inteiros, tirando de contexto, descontextualizando mesmo, tudo o que de mais horrível , violento e vil tiver na sociedade. Há uma mentalidade de "quanto pior melhor", e uma crença desonesta e hipócrita de que seja isto "que o público quer". E também entra nisto, tudo o que a Sociedade considera estranho, esquisito, diferente.
E então a Mídia , especialmente a jornalística, se volta para o Autismo.
E para retratarem os Autistas nos jornais e telejornais, a mídia se acha no direito de achar que "o público precisa de algo sensacional, esquisito, estranho, histérico, alarmante, escandaloso, para atrair a atenção e dar audiência".
Então, eis que pois, imagens de Autistas que venceram na vida, se superaram, são calmos, tranquilos, inteligentes e cujo comportamento "se pareça com uma pessoa normal na frente das câmeras" simplesmente não é atraente para a mídia jornalística ou para o cinema.
É preciso, para a Mídia, um "apesar de", algo negativo que não só contrabalance, mas que supere os aspectos positivos dos Autistas para que possam ser mostrados na TV, nas redes sociais, nos cinemas.
É preciso, a Mídia necessita desesperadamente disto, pois acha que isto é que chama a atenção do público, mostrar o Autista como se fosse um doença e mostrar o Autismo como se fosse uma doença incapacitante e escandalosa, que cause medo e pena no público, mas que também desperte no público o que tiver de pior em termos de preconceito, discriminação, estigma social.
A Mídia sente que  precisa de qualquer jeito estigmatizar e marginalizar os Autistas e o Autismo, e com a ajuda de certos psiquiatras, patologizar, inferiorizar, ridicularizar, minimizar, humilhar autistas e o Autismo perante a Sociedade, por que a intenção da Mídia é construir uma Imagem Pública Negativa do Autismo e dos Autistas.
É preciso criar e manter estereótipos fantasiosos de Autistas e tentar padronizá-los e tentar eliminar a diversidade Autística, assim pensa a Mídia.
Por que humilhar, rebaixar, inferiorizar e ridicularizar pessoas é o que a Mídia ama fazer na vida, sobretudo a jornalística.
Pior que as pessoas consomem este lixo, e muita gente vibra com Autistas tendo surtos, batendo cabeça até sangrar, tendo respostas agressivas 'as agressões e bullying que sofrem de outras, ou, pelo menos, agindo de modo incomum para fazer as pessoas rirem deles.Por que é isto o que a Mídia procura oferecer ao público.
Quando um Autista alcança o sucesso e se dá bem, a Mídia busca defeitos nele, e fala que "apesar do Autismo" ele conseguiu, "apesar da doença, do transtorno, ele conseguiu", ou ainda fala que, "apesar do sucesso na área tal, em outras áreas como sociabilidade ele é bem ruim", etc, por que a Mídia não quer passar uma imagem realmente positiva, com medo de perder o espetáculo e seu público detenesco.
É por tudo isto que é tão importante procurarmos mudar o modo como as pessoas veem o Autismo e os Autistas, e lutarmos para que a Mídia retrate os Autistas e o Autismo de modo positivo, que cause admiração, não medo ou pena.
Por isto é tão importante para Autistas e também para seus pais e para os profissionais médicos e educadores da área, mostrar o Autismo e os Autistas de modo positivo e construir uma Imagem ´Pública Positiva do Autismo:
É uma questão de honra e dignidade, mas é uma questão também de combater o Estigma Social contra nós, os estereótipos, o preconceito, a discriminação, a psicofobia, a patologização, os espectrismo, a infantilização, o deficientismo, e mostrar a nós Autistas como realmente somos, e mostrar o quanto podemos contribuir de positivo para a Sociedade e para a sobrevivência da Humanidade.

Cristiano Camargo

Os vícios da Psiquiatria/psicologia e suas relações com a Indústria da Saúde Mental


Há um vício enorme na Psicologia e na psiquiatria, que é a visão patologizante delas em tudo, vendo doença até nas coisas mais corriqueiras e inocentes; outro vício é a relação de hierarquização imposta pela Psicologia/ Psiquiatria, que impõe uma relação desigual, autoritária e antidemocrática entre profissional e paciente.Alias, a própria pessoa q procura o(a) profissional ser chamada e tratada como "paciente" já a inferioriza ante o(a) profissional, e aplica-lhe um rótulo estigmatizante, que o(a) estigmatiza diante da sociedade, pois a palavra "paciente", advinda do jargão médico, já é em si associada a palavra "doente " de modo automático pela Sociedade, com todos os prejuízos que esta designação traz para quem é chamado(a) assim. Aliás, a própria designação " paciente" em si já tem uma conotação bastante negativa, pois se a pessoa que procura o profissional tem de ter paciência e ser uma pessoa paciente ao ser atendida, isto em si já faz desconfiar que o atendimento seja lento, burocrático, ineficiente.
Finalmente, temos também a listar o vício da associação automática entre Diferença e doença, em que quaisquer Diferença em relação a um padrão arbitrário e imposto de "saúde mental" que a Psicologia e a Psiquiatria estabelecem (puro delírio e devaneio delas, pois inexistente), elas já consideram, por mínimo que seja, como se fosse doença, transtorno, disfunção, síndrome, desordem, perturbação, etc, agindo assim para , propositalmente estigmatizar seus "pacientes" e torná-los alvos de discriminação, preconceito, segregação, isolamento, marginalização, mas também, e igualmente propositalmente, tornar estas pessoas rentáveis e lucrativas para a Psicologia/Psiquiatria e para, principalmente , a Indústria Farmacêutica, de quem a Psicologia e a Psiquiatria são, muitas vezes, vassalas, aduladoras e bajuladoras e para a qual se prostituem vergonhosamente, em muitos casos, obedecendo dela as ordens cegamente, por mais imorais que seja, para atender ao Deus Mercado.É a poderosa e lucrativa Indústria da Saúde Mental, que destrói a vida de muitos(as), tornando-os/-as escravos dos remédios psiquiátricos e dependentes de terapias pelo resto de suas vidas.

Cristiano Camargo

Um conto meu sobre Autismo que desperta muitas reflexões

Conto: Normalidade de Viver?
Um belo dia, Kaspar Kasperger, um adolescente autista que já estava próximo de chegar ‘a idade adulta, foi ao consultório de seu terapeuta, o Dr. Normand Normal.
-Doutor, as pessoas dizem que sou Autista, e que não sou normal. Como é ser normal?
Dr. Normal o olhou com seus frios olhos cinzentos, em um olhar que o assustou, interpretado por Kasper como uma expressão de autoridade e severidade.
-De fato, meu jovem Kasper, eu mesmo o diagnostiquei com Autismo há dois anos atrás, você veio para o lugar certo !Bom, elas tem razão, você não é normal, você é doente, você é anormal. Agora, para saber como é ser normal, você pode utilizar a mim, como seu modelo comportamental, já que sou psiquiatra, sou perfeito, então, basta ser como eu !
-Mas como eu poderia ser como o senhor?
-Bom, não é minha atribuição profissional ficar te ensinando, mas...bom, eu vou te dar um exemplar de cada um destes livros: Manual de Comportamentos Sociais Adequados, e o Pequeno Compêndio de Comportamentos Aceitáveis, o Etiqueta da Normalidade, e o Livro das Regras da Moral e dos Bons Costumes. Leia tudo e estude-os bem, depois é só aplicar.
O sorriso do Dr. Normal que veio depois das palavras pareceu a Kasper ser de uma vilania sádica, uma contida expressão de alegria tirânica, uma satisfação suspeita de quem conseguira o que queria.
O fato de o doutor ter esfregado suas mãos uma na outra enquanto sorria e de seus olhos transpirarem ansiedade, aumentou ainda mais suas suspeitas.
Finda a consulta, Kaspar saiu do consultório intrigado.
Começou a indagar as pessoas desconhecidas na rua o que era ser normal e como era ser normal.
Até que, aturdido em seu dilema, pela angústia da aus~encia de respostas , Kaspar gritou, em pleno centro movimentado da cidade;
-Afinal, o que é ser normal?Como é ser normal? Alguém por favor me responda !
Seus gritos chamaram a atenção de uma multidão, que se formou em volta dele.
Agora com plateia, e se sentindo muito pouco a vontade, com vontade de fugir dali, mas agoniado pelo fato de se encontrar cercado e sem saída, ele explicou o que ouviu do doutor.E fez suas perguntas.
As pessoas logo começaram a responder:
-É ser como eu !Deixe eu ser seu modelo comportamental!
-não, ele é louco, seja como eu !Eu sou o modelo ideal para voc~e !
-Não ligue para estes dois, os dois são malucos, eu sou o único normal aqui, siga meu modelo e comporte-se como eu !
-Não, eu é que sou o perfeito !
-Perfeito sou eu, entendeu ?
-Não, sou eu !
-Sou eu !
-Sou eu !
-Sou eu !
E estourou a maior briga de rua, pessoas trocando socos e pontapés entre si, e Kasper saiu correndo, aproveitando-se da confusão.
Agora é que ele estava mais confuso do que nunca, parecia que todos eram perfeitos, menos ele. Mas ao mesmo tempo, para sua angústia, nenhum daqueles comportamentos deles parecia adequado ou ao menos, um modelo inspirador.
Foi então que um outro rapaz, da mesma idade se aproximou dele. Tinha um olhar compenetrado e destemido, que transbordava determinação.
Kaspar então surpreendeu-se quando o rapaz lhe dirigiu a palavra.
-Eu ouvi suas indagações e tenho as respostas que você procura.
-Devo ser como você e me comportar como você se comporta?
-Não. Não sou perfeito, nem modelo para ninguém, aliás, ninguém é. Todas as pessoas são muito diferentes entre si e se comportam de maneiras diferentes.
-Então, como posso deixar de ser Autista e passar a ser normal e me comportar como um normal?
-Você não precisa ser normal, nem precisa se comportar como um normal.
-Mas todo mundo me fala para ser normal e me comportar como normal, todo mundo fica me cobrando isto o tempo todo !
-Exatamente.É porque ser normal é você deixar de ser você mesmo e ser e se comportar como os outros querem que voc~e seja e se comporte. Só que é impossível agradar a todos, por que os que se chamam de normais sempre colocam a si mesmos como referência de comportamento para os outros, enquanto colocam defeitos em todos os outros, por que as pessoas são muito diversas, muito diferentes, e muita gente sonha que todos sejam como eles, é o famoso ego. Ser normal é viver para os outros, para agradar aos outros, nunca a si mesmo (ou será taxado de egoísta), ser escravo do o que as pessoas vão pensar de você. E ser escravo do que o que as pessoas vão pensar de você se você fizer isto ou aquilo, de se você se comportar deste ou daquele jeito, é estar submisso e sob controle das pessoas, é a maneira da Sociedade controlar e manipular as pessoas para seus interesses, não os delas.
-Então devo ser Autista? O que é ser Autista?
-É ser livre, independente, autônomo, Kaspar. É ter a liberdade de se comportar como você é e como sempre se comportou e ser como você é e como você sempre quis ser, mas as pessoas nunca deixaram.Eu não posso te ensinar a ser Autista, pois todos os Autistas, como todas as pessoas , são muito diferentes entre si e se comportam de maneiras muito diferentes, e justamente por serem tão diversas, não podem ser comparadas entre si.Então sua resposta é sim, seja simplesmente você mesmo, como sempre foi e como sempre desejou ser, sem medo de ser feliz, sem medo de enfrentar as pessoas, sem medo de desagradar as demais pessoas, sem obedecer cegamente sem pensar.
-Puxa, você me ajudou muito ! Mas, por que você não quis que eu o usasse como referência de comportamento, por que não quis que eu me comportasse como você?Você parece ter alguma coisa em comum comigo...
-É por que sou Autista como você, Kaspar. Você acertou, somos muito diferentes entre nós mas temos algo em comum: a Natureza Autística!
-O que é a Natureza Autística?
-Ela mesma te ensinará o que ela é, através de sua vivência, ela é particular de cada um, Kaspar.Agora preciso ir, mas , por favor, lembre-se: Ser Autista não é ser anormal, nem doente, não é ser um ser anômalo, um monstro, um ET na sociedade, não é ser esquisito.Ser Autista é natural e saudável. A doença está no olhar preconceituoso de quem nos vê, de quem nos v~e com os olhos de seu ego inflado e de necessidade de se sentir o modelo para todos.A doença está nas pessoas tentarem nos impor e tentarem nos obrigar a ser como elas e nos comportarmos como elas, e como elas são e como elas se comportam é muito diferente de como elas são publicamente e como se comportam publicamente, as pessoas usam máscaras sociais, nós não. Nós nos comportamos como somos e somos como sempre fomos e gostamos de ser.Nós somos livres, eles, escravos entre si.Não fazemos parte da teia de aranha deles. É como as presas da aranha, presas na rede, chamassem quem está fora da rede de doentes, porque estão livres e elas não, por que elas sabem que serão devoradas pela aranha e terão suas identidades devoradas para se transformarem numa massa uniforme e indistinta, e quem está fora, ou seja nós, não. Diferentemente deles, manteremos nossa Identidade Autística, expressa em nossa Identidade Autística pelo resto de nossas vidas, sem estarmos sob o controle de ninguém, para a Aranha da Sociedade, esta é uma subversão imperdoável !Foi um prazer conhecê-lo, até mais, e boa sorte !
E o rapaz foi embora.
Era visível o alívio no semblante, agora feliz, de Kaspar, que seguiu pelas ruas procurando identificar objetos e animais nas nuvens do céu, pensando consigo mesmo profundamente, nas palavras de seu colega !
FIM
Cristiano Camargo

Autistas não são deficientes mentais/intelectuais/cognitivos

Um terapeuta chamar um Autista de deficiente intelectual/cognitivo/mental é contar uma mentira e chamá-lo de BURRO.Sim, é a mesma coisa sim ! E de burros não temos nada, nenhum de nós.É uma acusação injusta e preconceituosa que os terapeutas nos fazem. São expressões feitas pelos terapeutas para nos estigmatizar e nos diminuir perante a sociedade, é uma forma de expressar preconceito.Não existem deficiência intelectual, existem formas diferentes de aprendizado e de ensinar !

Cristiano Camargo

Algumas breves paravras sobre a Diversidade Autística

O Autismo em si é uma Diversidade- mas ele também é fruto de várias diversidades ao longo de milhões de anos:Evolutiva, Neurológica, Genética e Comportamental.
Eis que pois a diversidade evolutiva leva á diversidade genética, que leva 'a diversidade neurológica, que leva á diversidade comportamental, que é exatamente o que o Autismo, em última análise, é !

Cristiano Camargo

sexta-feira, 3 de maio de 2019

A falácia perniciosa da "Funcionalidade"


Numa sociedade cada vez mais tecnológica, consumista, individualista, egoísta, vaidosa, mimada, e presa em zonas de conforto e comodidades, amante de tabus, dogmas, doutrinas e estereótipos fáceis de lembrar e decorar sem precisar entender, uma sociedade que não quer mais pensar, mas ficar na frente de um celular dioturnamente, a palavra da moda é "funcionalidade".
Louva-se quem é considerado "funcional" e execra-se (ou taxa de doente ou se atribui um transtorno) quem é considerado "disfuncional" ou "não-funcional"
Só que atribuir "funcionalidade"(função executiva) a um Ser Humano é uma hipocrisia, uma incoerência, para não falar uma aberração, uma estupidez, uma burrice sem tamanho, de um cinismo de cair o queixo.
Quem tem obrigação de funcionar, ou executar funções são máquinas, computadores, celulares, objetos.Inclusive por que por trás do conceito de funcionar e/ou executar, está o propósito de servir a alguém, trabalhar para alguém., ter serventia para alguém, ou seja, ao alguma coisa funcionar ou executar alguma coisa, ela está fazendo isto para ser manipulada e/ou usada por alguém.
Então, vejam o absurdo de se tentar atribuir "funcionalidade" ou "funcionalidade executiva" a um Autista, um down, etc :
Tentar atribuir "funcionalidade" ou "funcionalidade executiva" a um Autista , down, etc, significa que vc considera esta pessoa uma máquina para ser usada e/ou manipulada pelas outras pessoas, ou seja, vc a estará considerando uma máquina ou mesmo uma escrava sua e/ou dos outros e sua propriedade (ou pior ainda, uma propriedade pública, que todos possam usar e manipular a vontade para o que quiserem).
Só que Autistas e downs são gente, são cidadãos, não máquinas nem escravos de ninguém. Não são propriedades de ninguém, e não estão 'a venda em magazines, lojas ou concessionárias e não são fabricados, muito menos em série/massa.São gente, são seres humanos com direito 'a dignidade.
Da mesma forma, ao tentar medir e classificar a "funcionalidade" e/ou a "função executiva" de uma pessoa, se estará medindo o quanto ela é capaz de servir 'as outras pessoas, o quanto ela é capaz de se deixar manipular e ser usada pelas pessoas, para o que se bem entender.
Então, que as pessoas vão exigir e medir funcionalidade e função executiva de carros, máquinas, computadores, celulares-mas não de gente, não de Autistas, não de downs, NUNCA !
Uma pessoa não deve e não pode ser julgada pela medida de sua funcionalidade (inclusive executiva) ou não,nem ser considerada capaz ou incapaz, doente ou saudável, com transtorno ou "normal" pelos critérios absurdos de uma suposta "funcionalidade". Se a pessoa é julgada pela sua capacidade de ser servil, de se deixar manipular e usar pelos outros, como critério para saber se ela é "saudável" ou"doente", ou para atribuir um transtorno e um diagnóstico para ela, isto é sinal de que a própria Sociedade está doente e corrupta , e perdeu sua Humanidade , sensibilidade, seu caráter, sua honra, sua decência, sua moral. E quem é doente não pode sair por aí diagnosticando as pessoas como se elas fossem doentes, não tem moral para isto.
Abandonemos estes pseudo-critérios de "funcionalidade" e de "função executiva" e paremos de medir estas bobagens em todas as pessoas, e paremos de julgá-las com base em hipocrisias e incoerências irracionais como estas.
Menos julgamento, menos medição, menos comparação, mais sensibilidade, humanidade e compreensão para com as Diferenças.Humanos não existem para serem comparados entre si, não nasceram nem para isto, nem para serem classificados ou julgados. Mas para serem inclusos e respeitados.Somos todos Humanos, não importa se Autistas, downs, neurotípicos, o que for.Acima de tudo somos todos humanos, iguais nos direitos e diferentes nas nossas diferenças e individualidades. Paremos de dividir e separar em classificações bestas, paremos de usar diagnósticos para separar, dividir, classificar, categorizar pessoas- isto as exclui, desrespeita, lhes faz mal, tira sua humanidade e seus direitos e cidadania.Sejamos Humanos com o que nos faz humanos- e, podem ter certeza, o que nos faz humanos não é nenhuma "funcionalidade", é a nossa Natureza, nosso diferencial, nossa identidade, nossa diversidade,aquilo que nos faz únicos no mundo, personalizados, individuais, nossa sensibilidade, nossa essência !
Cristiano Camargo

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Autista, você andará sozinho sim !


Um monte de gente tem compartilhado esta imagem nas redes sociais, sem se dar conta da mensagem subliminar discriminatória que ela passa!Por isto mesmo coloquei um X vermelho em cima dela e a faixa contradizendo-a.
E por que sou contra a mensagem desta estampa de camiseta?
Por que é o modo como eu vejo e interpreto a imagem acompanhada da mensagem escrita.
"Você nunca andará sozinho" diz a mensagem enquanto uma Mãe leva um filho Autista pela mão.Parece romântico, gracioso , bonitinho, inspirador, não?
Mas não é !Não é nada disto!
Vamos analisar a intenção e a mentalidade desta frase associada a esta imagem?
O que esta estampa quer dizer, quando insinua que o filho Autista nunca andará sozinho?
Está querendo dizer que, ao ver de quem criou esta estampa, todos, absolutamente todos os Autistas NUNCA SERÃO INDEPENDENTES, NEM AUTÔNOMOS, NEM LIVRES, estarão sempre presos aos pais, no jugo da dependência física e emocional, e assim, a mão da família se torna as grades de uma prisão que nunca permitirá que a criança fique independente, autônoma , livre e ao mesmo tempo, a mensagem da estampa de camiseta tenta convencer as pessoas de que , se o Autista nunca andará sozinho, é por que ele (na verdade todos eles, sem exceção) nunca vai ter capacidade nem potencial para nada na vida e seu destino já traçado é ser um vegetal humano.
E isto é tudo mentira, falso, irreal!
Todos os Autistas, absolutamente todos, inclusive aqueles que os médicos cruel, perversamente e falsamente, rotularam com o código de barras de "severo", tem capacidades e potenciais e pendores a serem aproveitados. Todos !
Todos tem o direito de se tornarem independentes, livres, autônomos.É um direito inquestionável, que não pode ser negado por nada, muito menos pq as pessoas olhem com dó do Autista adulto infantilizado e fiquem achando que ele não tenha nenhum potencial nem capacidade para nada, pois nunca é tarde para desinfantilizar e ajudá-lo a conquistar sua autonomia, liberdade e independência que ele merece.
Então sim, os Autistas todos eles, sem excluir a ninguém,vão sim conseguir caminhar sozinhos. Com suas próprias pernas,com sua própria determinação e vontade, sem ter de ficar segurando na mão de mais ninguém !Por que isto é o Natural da Vida, e por que isto é o direito de todos os Seres Humanos do mundo !Eu acredito nisto ! E você?

Cristiano Camargo

terça-feira, 16 de abril de 2019

Autismo:o que é mesmo que limita o Autista?

Esta madrugada, li por acaso, em um grupo de Autismo, um relato de uma mãe de Autista que acabara de obter sucesso na fala de seu filho, e que dizia: "-Não deixem o diagnóstico limitar a Vida de seu filho".
Pensei filosóficamente nesta frase singular, e cheguei 'a conclusão de que a reflexão em cima desta singela frase, tão simbólica e passível de tantas interpretações,de que ela poderia me render um grande artigo sobre Autismo.E rendeu !
A questão aqui hoje é refletir sobre o simbolismo e significado desta frase em particular e de todo o drama que em si ela encerra:
Infelizmente, hoje em dia, muita gente, mas muita gente mesmo, só consegue ver o Autismo como se ele fosse um diagnóstico. E acha que o Autismo só passa a existir na vida do Autismo a partir do diagnóstico. É como se a pessoa Autista, antes de ser diagnosticada, não fosse um Autista, aliás, como se nem pessoa fosse, e mais aliás ainda, depois do "acontecimento", do papel timbrado e assinado pelo(a) Doutor(a), aí é que deixa de de ser uma pessoa mesma, pq aí "recebe o status" ,que a sociedade inteira, não só a família, estavam esperando, de "Diagnóstico de Autismo".
Pronto ! A pessoa agora está pronta para receber toneladas de medicamentos e se tornar dependentes deles, receber "educação especial" de ficar trocando cartõezinhos e recortando e colando papéizinhos e jogando uma bola gigante de plástico um para o outro qual sonâmbulo,e cartilhas de deixar a "Caminho Suave" horrorizada de vergonha diante de tamanha simplicidade e falta de conteúdo perto do conteúdo escolar que as outras crianças recebem, sempre naquela mentalidade tipo "-Ah, gente, ele é deficiente, então, vamos facilitar ao máximo para que ele possa entender" (tradução: "-Ah, gente, ele é burro, vamos dar um lixo qualquer para ele, ele não vai aprender mesmo").E estará pronto a ser condicionado a viver como um Diagnóstico ambulante, como F84.1, F84.5, f84. O escambau a quatro, com uma roda enorme discutindo sobre o diagnóstico dele, progressões, regressões, um milhão de elocubrações...sobre ele? Não !Sobre o Autismo?Não. Sobre o Diagnóstico dele ! Ele mesmo, para os doutores e para tanta gente discutindo nas comunidades, na mídia, nos eventos, congressos, simpósios, artigos científicos, etc,já desapareceu como pessoa humana inteligente, natural, com sentimentos, já perdeu sua humanidade, pq já teve um código de barras colado a ferro na testa, escrito "Autismo F84.seja lá o que for",o famoso e tão propalado "Diagnóstico", e esta letra seguida destes 84 seguidos depois do ponto, por outros números, tem nestes últimos uma espécie de determinação, de condenação, distinguindo, conforme o número que segue o ponto, quem tem o direito direito de receber "tratamento X ou Y", quem tem o direito de ter capacidade e potencial para alguma coisa ou não,para sempre (inclusive de aprender e falar) ,e qual das três CELAS DE PRISÃO MENTAL a Sociedade o mandará, a S, a M ou a L. Pronto agora ele já tem , também na testa, a Casta Mental a que irá pertencer PELO RESTO DE SUA VIDA.
E pronto o Autista estará também pronto para ser adestrado qual macaquinho de circo , para trocentos "Métodos" behaviouristas pavlovianos, afinal, as pessoas dizem que se ele é um Diagnóstico, e não uma pessoa, é uma cobaia para experimentos científicos e para todo tipo de manipulação da sociedade sobre ele, afinal, se ele é um diamante bruto a ser lapidado, vamos lapidá-lo como nós quisermos e o transformar numa linda estátua de neurotípico...
Pois é, chocante tudo isto, não?Tão chocante quanto verdadeiro !Quanto real, é um retrato de como o Autismo e os Autistas são tratados e pensados na Sociedade atual.
Tudo isto eu mostrei , para preparar o terreno para poder prosseguir com o meu raciocínio, que vocês logo entenderão:
Quer dizer, Muita gente, mas muita gente mesmo, só consegue ver o Autismo como se ele fosse um diagnóstico.Só consegue enxergar o Autismo dentro de uma dimensão de diagnóstico.Só consegue enchergar que o Autismo exista, se estiver enquadrado dentro do quadradinho do diagnóstico.Se não se referir ao Autismo como diagnóstico, estas pessoas ficam confusas, perdidas, perdem o chão, são incapazes de pensar para além desta caixinha tão limitante, tão patéticamente estreita, microscópica chamada diagnóstico, sem ter idéia, do verdadeiro universo que existe para além deste quadradinho, que é só o tamanho que as limitações das pessoas que só enxergam o Autismo como diagnóstico conseguem imaginar- mas que falta de imaginação, de criatividade, que DEFICIÊNCIA em capacidade de receber novas idéias !
Muita gente ingênuamente ainda não se deu conta de que ver o Autismo como se ele fosse simplesmente um diagnóstico e mais nada é ver o Autismo como se ele fosse uma doença, como se ele fosse um transtorno.E, inocentemente,(ou não), esta gente ainda não se deu conta de que ela ver o Autismo como se fosse uma doença significa ver o Autista como um doente. Não como gente, não como um ser humano. Esta gente ainda não se deu conta de que ver o Autismo como se fosse um transtorno significa ver o Autista como um transtorno- para a Sociedade, um estorvo indesejável, um fardo, uma cruz a carregar, como alguém que só cause problemas e que, no fundo, no fundo, a Sociedade amaria eliminar num HOLOCAUSTO PSIQUIÁTRICO PARA A PURIFICAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DA SOCIEDADE .Então, a cada vez que você chama o Autismo de transtorno, vc está revelando um desejo inconsciente de um HOLOCAUSTO PSIQUIÁTRICO PARA A ELIMINAÇÃO FÍSICA DE TODOS OS AUTISTAS DA TERRA.Pense bem, pois é isto que significa.
Não há Inclusão possível com uma horda de gente que tem este desejo inconsciente.Gente que acha que Autismo só dá trabalho, e que se o Autista não for forçado na marra a se encaixar nas fôrmas sociais da Sociedade e não ficar preso nelas, deveria ser simplesmente eliminado, por métodos (pseudo) "científicos" eugenistas para tentar transformar na marra, até a nível celular-genético, o Autista em Neurotípico,e, numa só tacada, impedir para sempre que novos Autistas sequer consigam nascer, e para isto , empregam picaretas travestidos de cientistas para tentar fazer o que verdadeiros cientistas jamais fariam.Pois quem ama a Ciência jamais trabalha para eliminar a Diversidade, inclusive genética, de uma espécie. Ninguém sério, honesto e ético faria a picaretagem e a desonestidade de buscar uma "cura para o Autismo.Mas charlatães de jaleco gananciosos e suspirando por gordíssimas verbas da indústria farmacêutica fariam- e continuam tentando o impossível até agora, buscar uma cura para algo que não é uma doença, mas uma diversidade, só para tentarem ficarem milionários.
Não haverá Inclusão possível enquanto os meios clínicos continuarem a ver o Autismo como doença/transtorno e os Autistas como pacientes que são um transtorno para a Sociedade a ser resolvido.
Não há Inclusão possível enquanto os Governos e o Congresso, a ONU e seus órgãos continuarem a ver o Autismo como se ele fosse doença/transtorno e os Autistas como pacientes que são transtornos para a Sociedade a serem resolvidos.
Não há Inclusão possível enquanto o Autismo estiver incluso injustamente no CID e no DSM.
Não há Inclusão possível enquanto os pais de Autistas não deixarem de serem influenciados pelos meios clínicos, a literatura clínica e não pararem de ver o Autismo como uma doença, um transtorno, um luto, e outros pais não pararem de ver no Autismo uma desgraça, um castigo divino, focando só nos filhos, enquanto que Autismo e Autista são indissolúveis, inseparáveis, não há como se amar o Autista sem amar o Autismo.Pq se você focar só no filho em si, sem levar em conta que o Autismo é parte integrante dele, você nunca resolverá nada e nunca será feliz, nem nunca fará o filho feliz, por que só focou na metade da questão e esqueceu a outra metade- ou tenta negá-la, não ver a ela.
Só haverá Inclusão possível quando os pais encararem a realidade e perceberem a naturalidade do Autismo, sua humanidade, sua diversidade , e aceitarem o Autismo como ele é, natural, diverso e corriqueiro.A partir dos pais, esta consciência pode ser transmitida para círculos superiores da Sociedade, como os meios clínicos, científicos, políticos.
Aquela mãe estava correta: Não deixem o Diagnóstico limitar a vida de seu filho!
Porque o que limita a Vida do Autista é o mau uso do Diagnóstico do Autismo. É o Diagnóstico usado como ferramenta de discriminação, é o Diagnóstico sendo usado para tentar transformar Autistas em Neurotípicos e exigir que se transforme , se comporte e pense como neurotípico.É  uso do diagnóstico para inferiorizar o Autista perante a Sociedade, tratando-o como um doente, um transtornado, um doente, um coitado, como se ele fosse uma coisa aberrante que "destoasse" do resto da humanidade e precisasse ser "corrigido" através dos "métodos" mais pavlovianos possíveis, dando carta branca a todo tipo de manipulação de Autistas.
É o uso do Diagnóstico do Autismo para tentar justificar uma inexistente falta de habilidades, qualidades, capacidades,potenciais e assim negar chances de desenvolvimento para certos Autistas.
É o uso do Diagnóstico do Autismo para classificar e separar Autistas  em castas mentais que limita a vida dos Autistas também.
Assim como é o uso do Diagnóstico do Autismo para pressionar Autistas a se sociabilizarem e tentarem se encaixar nos moldes podres de um sistema escolar doente, que não educa direito nem os próprios neurotípicos, quanto menos o Autistas, trazendo aos Autistas depressão, angústias, bullying e até o suicídio!
É inclusive , igualmente,o uso do Diagnóstico de Autismo como ferramenta para a Sociedade pressionar os Autistas a se encaixarem nos moldes sociais de uma Sociedade doente,individualista, egoista, gananciosa, não como seres humanos cidadãos , com os mesmos direitos e o mesmo status sociais das demais pessoas, mas como exclusivamente mercado consumidor de remédios psiquiátricos e de clínicas, um sub cidadão sob controle e vigília constantes, gado para gerar lucros para indústrias farmacêuticas e médicos e para serem cobaias de novos remédios, mais nada.
Por tudo isto, parém de ver o Autismo como doença ou transtorno e o Autista como um doente ou um desajustado anômalo, um deficiente, a quem falte sociabilidade. Para você e para os círculos clínicos, interação social pode ser algo importante na vida, para se integrar na sociedade, para nós Autistas, nem tanto.Nossa Natureza é diferente da de vocês, então não nos venham tentar impor o que não achamos tão importante assim. Mesmo por que, muitos de nós, acreditam (e inclusive vivem isto)que é perfeitamente possível se integrar e viver em sociedade sem ter de ficar interagindo intensamente.Só com o mínimo.Por que nós curtimos a solitude e fazemos dela uma arte e desta brota a arte da criação.E isto não é doente, isto não é transtorno, isto é natural.
Se todos começarem a descobrir a naturalidade e a beleza da diversidade Autística, e o que ela é capaz de criar, produzir, contribuir positivamente para com a Sociedade, talvez nos entendam, que não somos esquisitos, nem doentes e que nossa diferença não é uma desordem, nem é disfuncional.
O que realmente limita a vida dos Autistas é a visão patologizante (aquela que acha que Autismo seja doença/transtorno), espectrista(a que acredita num falso e injusto espectro autístico, que inexiste), reducionista (aquela que reduz o Autismo 'a dimensão ínfima e tacanha de um simples diagnóstico) e infantilizadora (aquela que acredita que todos os Autistas sejam crianças até qdo já adultos) do Autismo.
Libertemos-nos todos e todas destes dogmas arcaicos e ultrapassados, destes grilhões que nos prendem nas jaulas da ignorãncia e que prendem , limitam, os Autistas, abraçando a Neurodiversidade e a Visão Positiva do Autismo e ajudando os Autistas a construirem uma Imagem Pública Positiva do Autismo, vendo, passando a ver o Autismo como uma Diferente Natureza de Ser, que faz parte da Diversidade Natural Humana, e passando a ver os Autistas como pessoas humanas naturais, tão naturais quanto vocês.
 Garanto, fará tão bem a vocês quanto para nós e não doerá nada em ninguém!

Cristiano Camargo

 

domingo, 14 de abril de 2019

Inclusão Seletiva

O modelo de Inclusão vigente hoje em dia é um modelo cruel e ineficiente- sobretudo  por que é seletivo.Mesmo pessoas dos círculos das comunidades de Autismo (não todas, claro) que dizem defender os direitos dos Autistas,querem apenas "incluir" um Autista imaginário, mediano, um estereótipo de Autista.
Uns só querem incluir se for um Rain Man, outros querem incluir um Seinfield, outros, um The Good Doctor da vida, outros uma que seja parecida com a Temple Gradin.
Outros, "menos ambiciosos"  só querem incluir se o Autista for homem, branco, hétero, e, pelo menos, aparente "bem de vida" financeiramente falando(ele ou a família dele).
Outros, tão perversos quanto, usam de seu injusto e equivocado espectrismo para tentar justificar que só queiram incluir ou o que eles chamam de Autista tipo "L", ou o que eles chama de Autista  tipo "M" ou o que eles chama de Autista tipo "S". Covardemente, não assumem públicamente, mas tem fortes preferências por incluir só os que eles mesmos chamam de tipo "L", pq eles mesmos acham, equivocada e injustamente, que os demais nunca terão capacidades nem potenciais para nada, nunca.No fundo, para os demais,estas pessoas não querem inclusão, querem manter estes Autistas eternamente infantilizados e dependentes, sem desenvolvimento e dependentes de remédios para o resto de suas vidas.
E ainda temos por fim, os que só querem inclusão para quem eles chama de "Autistas típicos" (existe algum?Alguem já viu um destes voando por aí?) e, talvez  os mais perversos de todos:só querem inclusão para os Autistas que forem transformados em Neurotípicos ou pensem e se comportem como se fossem neurotípicos!
Querem saber de uma coisa?
Inclusão seletiva não é inclusão !Por que Inclusão de verdade, minha gente, é  Incondicional !
Afinal, Inclusão é uma forma de amor (ama-se o que se admira, não o que se tem dó, pois ter dó não é amar) e amor de verdade é incndicional, não fica escolhendo.
Por que então se v~e tão poucos Autistas negros nas redes sociais?Por que quando acontece algo dramático com eles, nunca tem a mesma repercussão que com Autistas brancos?
E o que dizer então de tantas mulheres autistas que se veem pressionadas pela sociedade, se sentido obrigadas, a esconder seu Autismo a todo custo da Sociedade?Algumas conseguem se libertar, se assumir Autistas e exercer o Ativismo, mas e as que não tiveram as mesmas chances?
Há alguma estatística de Autistas indígenas no Brasil?
E a luta dos Autistas LGBT então?
É tudo muito injusto !
Então, Inclusão tem de ser Incondicional, Democrática, para todas e todos, sem exceção.
!
Cristiano Camargo

sexta-feira, 22 de março de 2019

Autismo e Glifosato- Uma relação inexistente



Esclarecendo de uma vez por todas a questão Autismo-Glifosato:

Stephanie Sennef, a autora desta teoria absurda que tenta relacionar o Autismo ao agrotóxico Glifosato, é cientista da área de Computação pelo MIT, não é neurocientista, não entende bulhufas de genética molecular, nem psiquiatria e nem de nenhuma área científica relacionada 'a pesquisa sobre o Autismo. Ou seja, não entende nada de Autismo.
Ela está errada. É uma picareta, uma falsa cientista, pq comete a falta de ética extrema de se meter em um campo da Ci~encia em que ela não trabalha, não conhece, não domina,nada sabe, e está usando o Autismo e o Glifosato para se auto promover mundialmente.
Nenhum(a) cientista de verdade, honesto(a) e profissional daria crédito a uma pesquisa fajuta que nem em revistas científicas de porte e respeito como Science e Nature saiu.Não há, nem nunca houve, nem nunca haverá relação do Glifosato com o Autismo.Não existem "causas" para o Autismo, ele é transmitido genéticamente, não desencadeado por nenhuma substãncia, tanto que Autistas sempre existiram , mesmo muito antes da invenção do glifosato. Claro que o Glifosato causa muitas doenças, mas: 1)Autismo não é doença, 2)Ele não causa mutações genéticas complexas- e põe complexas nisto, pq as modificações necessárias para que uma pessoa nasça autista envolvem nada menos do que 2.000 genes- todos da parte não codificante do genoma, ou seja, imunes 'a alterações causadas por substâncias estranhas ao corpo. Ela então que vá estudar Genética Molecular antes de falar bobagens !
 
Cristiano Camargo

terça-feira, 19 de março de 2019

Não 'a Intervenção e Manejo de Autistas


Intervenção. Usa-se muito este termo quando se fala de Autismo, especialmente quando se fala em modalidades de acompanhamento clínico de Autistas.
Intervenção. Mas como este termo soa DITATORIAL, AUTORITÁRIO, não?
É de uma arrogãncia sem par, pois parte do pressuposto de que o/a interventor(a) seja melhor, superior a quem está sofrendo a intervenção.E parte do pressuposto também de que o interventor esteja correto e seja sadio e perfeito e de que o outro é imperfeito, inacabado,doente, inferior e o interventor "bonzinho e piedoso", com dó do outro, resolve ajudá-lo...a ser como o interventor quiser !
Sabem aquela conversa para boi inglês ver e dormir, de que "Autistas sejam diamantes brutos a serem lapidados?"
Pois é, isto se chama manipulação, maniqueísmo, chama-se intervir no Autismo para manipulá-lo, para que o Autista fique e se comporte como o Interventor quiser, se comporte como o Interventor quiser, tenha as mesmas opiniões e visão de mundo que o Interventor tem, seja dócil, obediente e submisso ao Interventor e fique dependente dele, sob seu jugo- para sempre !Sim, é um adestramento, exatamente como se o Autista fosse um miquinho de circo, um cão ou outro bichinho de estimação.Ah, mas a intervenção é feita com amor e carinho!
Sim, os donos também tem amor e carinho por seus animais de estimação- desde que estes não se revoltem e não se voltem contra eles. Aí estes donos defendem a prisão e a morte.
Então, se o Autista não aceitar o adestramento intervencionista, sempre tem alguém sugerindo o eletrochoque, a camisa de força , a internação em hospício, a dopação com toneladas de drogas psiquiátricas...
Os que defendem intervenções clínicas em Autistas já pressupõem que a "inclusão" dos Autistas se dê com a condição de que eles se transformem em (ou se comortem como se fossem) neurotípicos-ou devem ser excluídos e marginalizados, e que a "inclusão" seja como os Autistas como bichinhos de estimação dos neurotípicos , sendo "muito amados" por eles, mas inferiorizados.
Não 'a toa, muita gente que usa o termo "intervenção nos Autistas" também usa o termo "manejo", afinal, para interventores, nós Autistas não passamos de gado manipulado, não?Eles acham que somos gado ou objetos deles para eles nos manejarem, ou seja, manipularem 'a vontade deles.
Só que isto é desumano, é cruel e é um desrespeito ao Autismo e aos Autistas.
Quando você intervem, você está interferindo autoritáriamente (ou enganando para obter concordãncia) na vida da pessoa, na Natureza de Ser dela, no que ela é, no como ela é, e está querendo influenciar em tudo nela, é uma forma de aculturamento, de apropriação cultural e mental.
Ninguém dá o direito a neurotípicos se acharem modelos de perfeição para os outros e impor seus padrões, seus critérios, sua Natureza de Ser, seu comportamento.Desculpem, mas neurotípicos não são exemplo nem modelo para ninguém, afinal, só para citar um exemplo, o nazismo foi uma invenção neurotípica, não autista.Quem são vocês para nos guiarem para suas estradas e seus destinos, se nem calçam nossas sandálias?
Quando vocês interventores(as) pensam em intervenção, vocês pensam que estão agindo para o que pensam ser o nosso bem. Mas na verdade não sabem o que nós pensamos ser o nosso bem.Ou o que pensamos não vale só por sermos Autistas e então não deveríamos ser levados a sério?
Já nos perguntaram o que nós consideramos nosso bem e o que queremos?Ou não temos vontade própria?
Neurotípicos tem o direito de pensar em nosso lugar, por nós?
Intervenção não. Intervenção significa que só vocês tenham a ensinar e nós não, nada a vocês. E isto não é verdade.
O fato é que relacionamentos precisam ser espontãneos e de mão dupla. e acompanhamentos clínicos são uma forma de relacionamento (profissional) e assim, tem de ser baseado no respeito 'as diferenças e partir da premissa de que se quer aprender as diferenças e aceitá-las como são.Então, nada de Intervenção, nada de Manejo, nós temos o mesmo direito 'a dignidade que vocês, e temos orgulho, ego e amor próprio tanto quanto vocês.Nossos comportamentos devem ser entendidos e aceitos como naturais e diferentes, não como inferiores ou doentes, não "corrigidos". Acompanhamentos clínicos são, ou ao menos deveriam ser, um exercício de humildade, de tentar calçar nossas sandálias e tentar conhecer os nossos caminhos que oferecemos mostrar a vocês.De repente, o nosso destino a ser alcançado pode ser mais bonito e interessante do que aquele que vocês queriam para nós, que nós seguíssemos-uma viagem ' fronteira final, aos confins do universo da Mente Humana.
Somos gente, não pacientes. Somos gente , não diagnósticos .Somos gente , gado manipulável. Somos gente, não massa de maobra. Somos gente, não animaiszinhos de estimação.Somos nós Autistas tão humanos quanto vocês, tão naturais quanto vocês, não somos aberrações a serem estudadas em laboratório, muito menos cobaias.Chega de intervenções, chega de manejos, reconheçam nossa humanidade, nossa naturalidade, nossa diversidade, não somos ET´s, somos aqui da Terra mesmo. Só queremos ter nossas diferenças respeitadas e fazer parte da Sociedade com o mesmo status que vocês tem.Por tanto estigma, por tanto preconceito, por tanta discriminação que já passamos em nossas vidas, é justo, nós merecemos. E agradecemos a compreensão de vocês.

Cristiano Camargo

sábado, 16 de março de 2019

Autistas não tem perversão !

Logo após a divulgação do horripiliante e absurdo assassinato em massa na escola de Suzano, um psiquiatra veio as redes sociais tentando atribuir o Autismo aos moleques assassinos, instigando a população leiga contra o Autismo e contra o Autismo, acusando-o de algo que ele não tem, nem é. E não é um caso isolado, a cada vez que ocorre uma chacina, alguém tenta associar os assassinos a o Autismo. Podem reparar, sempre aparece um fazendo estas acusações infundadas e sem comprovação científica nenhuma ! Isto, meus amigos e minhas amigas , é coisa de pseudo "profissionais" psicofóbicos e preconceituosos, com uma profunda visão patologizante do Autismo, que fazem uma sórdida campanha de difamação do Autismo e dos Autistas !É incrível que a cada vez que ocorre um assassinato individual ou em massa, uma campanha de difamação do Autismo destas é deflagrada! Entendem agora, meus amigos e minhas amigas, a importãncia da Imagem Pública Positiva do Autismo?Entendem agora a importãncia da Visão Positiva do Autismo e da Neurodiversidade?Entendem agora como é importante considerar o Autismo como uma Diferente Natureza de Ser , que faz parte da Diversidade Natural da Humanidade ao invés de achar que seja uma doença, uma desordem/disfunção/síndrome/perturbação/condição/deficiência mental, etc? Amigos e amigas,, enquanto as pessoas pensarem assim do Autismo e o verem assim, como se autistas fossem pessoas doentes que precisassem de "tratamento/correção", vão continuar a associar Autismo 'a psicopatia, 'a vilania, ao assassínio, a serial killers.E duvido que qualquer pai ou qualquer mãe queiram que seus filhos autistas sejam taxados de psicopatas e/ou potenciais assassinos pelas pessoas, pela sociedade e virem suspeitos prioritários pela polícia!Vcs, como pais e mães de Autistas, tenho certeza absoluta que não querem este estigma, esta alcunha tão cruel para seus filhos e suas filhas ! Então, vamos parar de falar de falar em espectro, em disfunção, em desordem, em condição, em síndrome, em perturbação, em deficiência mental, qdo falar de Autismo, e espalhar aos quatro ventos o conceito de Autismo como Diferente Natureza de Ser, do Autismo como sendo apenas mais uma das tantas diversidades naturais da Humanidade, vamos naturalizar o Autismo e devolver sua humanidade, que a visão patológica e patologizante do Autismo tirou e que tanto prejuízo trouxe e traz aos Autistas! É imprescindível que sejamos vistos com bons olhos pela Sociedade, ou nunca seremos aceitos, muito menos inclusos, na sociedade!Autismo não é para ser algo undergroud, restrito aos subterrãneos da Humanidade, nem para ser considerado algo a ser encerrado nas catacumbas da Humanidade, afinal, diferente do que estes moleques que fizeram esta chacina absurda, Autismo não é perversão!Não existe perversidade, crueldade , más intenções nos Autistas, não existe prazer no sofrimento alheio, ou em matar, no Autismo. Não existe falta de arrependimento ou falta de remorsos, muito menos falta de sentimentos, emoções ou de empatia nos Autistas, consequentemente no Autismo.Autistas nunca são desumanos. Autistas são pessoas, são gente, não monstros, não diagnósticos ambulantes frios ! Não existe sadismo no Autismo- muito menos masoquismo, aliás. Autistas não são santos-mas também não são demônios. São Humanos.Seres Humanos dignos !Há uma honestidade e sinceridade de ser intrínseca ao Autismo que não existe nestes moleques que brincaram de sair matando.E que se tivessem sobrevivido, iriam para a cadeia rindo e contando vantagens.Somos muito diferentes disto, não confundam as coisas.Achar que só pq uma pessoa é quietona e pouco se relaciona com outras, preferindo curtir seu próprio interior,e pq a pessoa prefere a solitude e é mais contemplativa, introvertida, tímida, que isto autorize que as pessoas a acusem de seem sociopatas, psicopatas, assassinos, serial killers em potencial, isto é preconceito, é discriminação, é uma ignorãncia mal intencionada pela falta de caráter. Pq é preciso ser muito mau caráter para acusar Autistas de genocidas e serial killers, de maníacos aloprados, e querer condenar inocentes que não querem outra coisa que não seja serem deixados em paz para serem eles mesmos e viverem suas diferenças em paz.Vamos acabar com estas campanhas de injúria e difamação contra o Autismo e os Autistas, e abraçar a Neurodiversidade, pois só se inclui acolhendo dentro de si as Diferenças, não xingando-as, acusando-as sem provas, nem as desqualificando , muito menos as patologizantes. Pois a realidade infelizmente é cruel: ninguém inclui quem considera doentes, muito menos inclui a quem se teme.As pessoas precisam parar de ter medo do Autismo e dos Autistas.Não somos ruins,não somos maus, viemos em paz e para a paz.Nos aceitem como somos, pois nós os aceitamos como vocês são, apesar de tudo que muitos de vcs nos acusam e fazem contra nós.Autistas não existem para serem manipulados, nem serem estigmatizados, alcunhados, nem marignalizados em hospícios, presos em celas acolchoadas, envoltos em camisas de força, recebendo eletrochoques, nem dopados com toneladas de remédios psiquiátricos.Não somos o que um ramo corrupto da Psiquiatria nos vê e quer fazer conosco.Somos melhores do que o conceito que muita gente tem de nós. Enquanto as pessoas verem o Autismo com o véu distorcedor do diagnóstico na frente de seus rostos, não sendo capazes de nos ver como seres humanos e não com diagnósticos ambulantes com perninhas e bracinhos, campanhas de difamação e injúria como estas continuarão a pipocar e as pessoas acreditarão nelas a ponto de um dia no futuro, picharem em nossas testas a palavra "assassino", e nos denunciarem 'a polícia e hospícios, e mães e pais verão seus filhos arrastados 'a força para o isolamento, a restrição da liberdade e a morte.Não é este o futuro que queremos,e não é este o futuro que vocês mães e pais querem para seus filhos autistas. Vamos abrir nossos olhos para a Visão Positiva do Autismo e a Neurodiversidade e construirmos juntos uma imagem pública positiva para o Autismo, pois assim, nós Autistas seremos bem vistos e benquistos pela sociedade e vcs mães e pais,terão mais paz e felicidade, pois a felicidade dos filhos faz a felicidade dos pais.E não tem como alguém se desenvolvere amadurecer saudávelmente alcunhado eestigmatizado a vida inteira por gente que os considera potenciais assassinos,acreditando piamente em mentiras, fake news e campanhas sórdidas de difamação, estas sim, patológicas !

Cristiano Camargo
Cristiano Camargo

A importãncia de evitar a infantilização do Autismo

  Um ponto que sempre  me chamou a atenção em muitas postagens nas redes sociais e que preciso esclarecer, é a infantilização do Autismo. Muitas postagemnssimplesmente ignoram que existam Autistas adolescentes, adultos e até senis.E eles não são minorias nem casos isolados, por que todo Autista, como todo ser humano, cresce e se torna adulto,envelhece.E existem muitos, muitos adultos e idosos autistas por aí. Então, não se deve direcionar posts sobre Autismo somente aos pais de crianças autistas, mas também aos pais de adultos e adolescentes autistas e aos próprios autistas adolescentes, adultos, idosos.Inclusive por que , colocar como se todo autista fosse criança, pode fazer com que leigos achem que só crianças sejam Autistas e que se é adolescente, adulto ou idoso não é Autista, o que é uma idéia equivocada e absurdo.Na minha opinião, crianças autistas tem atenção demais das comunidades de Autismo e adolescentes/adultos/idosos Autistas não tem quase nenhuma, o que é uma injustiça.
É sem dúvida um estereótipo muito comum e que precisa urgentemente ser combatido !

Cristiano Camargo

A dificuldade de interação é do Neurotípico, não do Autista

Não existem dificuldades de interação da parte do Autista, existe a dificuldade do neurotípico em aceitar as diferenças e insistir em interagir exigindo que o Autista se comporte como se fosse neurotípico para interagir, o que é errado, não é o Autista quem tem de se adaptar ao neurotípico para entendê-lo e poder interagir com ele, éo neurotípico quem tem que aceitar as diferenças, compreendê-las (mas não como se estas fizessem o Autista inferior ao neurotípico,o que NÃO É verdade) e se adaptar ao modo de ser do Autistae buscar algum nível de compatibilidade.Então , se existe alguma dificuldade de interação social de Autistas com neurotípicos, a dificuldade que existe de interaçãoé a do neurotípico, afinal, neuirotípicos tem grande facilidade de interação com neurotípicos, a ponto de pressucor , e esperar do Autista, e de todos com que interage, aquele comportamento neurotípico que ele já conhece. É uma limitação, uma barreira neurotípica a ser superada,;sair da zona de conforto e comodismo, parar de ter espectativa de comportamento neurotípico dos Autistas,e se lançar a novos experimentos, novas formas de ver o mundo e de pensar o mundo, umnovo raciocínio, diferente, que se traduza numa linguagem diferente, que sirva de inteface entre ele /ela e o/a Autista.Enquanto neurotípicos não se amadurecerem neste sentido e nãodeixarem ego, vaidade eorgulho para trás, e não tentarem quebrar a barreira da espectativa neurotípica, esta dificuldade de comunicação vai existir. E pq o Autista não deveria fazer a mesma coisa?Pq o diferente é ele, a maioria é o neurotípico e quem tem de incluir é o neurotípico, e, inclusive, muitos autistas tentam ajudar neurotípicos a quebrar esta limitação e esta barreira, esta forma de incompreensão, masmuitas vezes não são compreendidos e os neurotípicos não conseguem identificar estas tentativas, básicamente pq estão ocupados tentando inútilmente arrumar uma maneira deo Autista se comunicar e interagir de forma neurotípica, esquecendo-se das diferenças.

Cristiano Camargo

quarta-feira, 6 de março de 2019

Autismo- Agrsssividade nunca vem do nada



As pessoas que mais tem problemas de relacionamento com Autistas, são as pessoas que são autoritárias , impacientes, ansiosas , neuróticas e/ou estressadas por natureza.Autoritarismo não funciona com Autistas. E não adianta estas pessoas me pedirem dicas para os Autistas as obedecerem.Não adianta pq o problema não está no comportamento do Autista- que frequentemente recebe (mal) a ansiedade , o stress, o nervosismo e a neurose que estas pessoas transmitem a ele sem nem mesmo perceber, está na pessoa que lida com ele. Quando esta pessoa aprender a deixar de ser autoritária, e evitar de transmitir a ele sua impaciência, seu nervosismo, seu stress, sua neurose, o Autista vai mudar seu comportamento para mais calmo e solícito.Para muitos Neurotípicos, é difícil controlar seu ímpeto de autoritarismo (mexe com o ego ) e sua impaciência e ansiedade.É preciso lembrar: a cada vez que se levanta a voz, perde-se o respeito de quem ouve.E nunca é demais lembrar que Autistas são muito sensíveis, entendem tudo (embora muitas vezes guardem para si ao invés de se expressar) e, sobretudo, são verdadeiras esponjas de absorver emoções, ansiedades, impaciências, nervosisimo-é impossível esconder ou disfarçar seu estado emocional ele, ele VAI perceber; e seu comportamento perante ele VAI se transmitir e passar para ele, vc queira ou não, mesmo que vc não queira, vai transmitir.É difícil até para mim dizer como percebemos o que as pessoas escondem, mas percebemos, é fato.E o fato de nem sempre contarmos ou expressarmos o que nos foi transmitido e/ou o que sentimos, nossa reação, torna as coisas ainda mais complexas para os Neurotípicos. Isto sem falar que muitas vezes , nos sentimos mal, mas não queremos expressar na frente da pessoa, e descarregamos todo nosso estado emocional qdo ninguém está olhando.Por quê?Por receio da imprevisibilidade humana em suas reações, especialmente se a pessoa for autoritária e agressiva.Outros de nós "a ficha demora a cair", e quando cai, cai de vez, muitas vezes dias, semanas, meses e até anos depois do acontecido, por isto é que parece que o Autista ficou agressivo "do nada".Não foi do nada, muitas vezes foi uma provocação que aconteceu há muito tempo atrás.E se as razões para a revolta se repetem com frequencia, os surtos vão ficar frquentes. Portanto, vale a dica: o comportamento autístico muitas vezes é um reflexo do comportamento de quem lida com ele.Vale lembrar: não me refiro só a pais e mães, mas a irmãos, avós, tios, primos, sobrinhos, professores, terapeutas, etc.

Cristiano Camargo

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Manifesto Autista 2019

Nós Autistas, como guardiães da Imagem Pública Positiva do Autismo, temos que dar o exemplo para a sociedade e devemos seguir as regras da Neurodiversidade e da Visão Positiva do Autismo, zelando pela boa imagem pública do Autismo perante ao público, temos está responsabilidade, que é nosso dever cumprir.Assim, não podemos ficar fazendo publicamente( principalmente) comparações entre os demais Autistas , nem ficar rotulado .Vejam bem, diagnósticos são rótulos, marcas de ferro em brasa , etiqueta de código de barras que os doutores tentam colocar em nós e em tudo qto é gente, como se eles fossem nossos donos! Não podemos nos sujeitar a isto, repetindo o que eles dizem para nos humilhar, estigmatizar, nos marginalizado e nos excluir. Autismo não é um simples diagnóstico clínico, Autismo é uma Diferente Natureza de Ser, que faz parte da Diversidade Natural Humana, e que nos define e diz a nós e a todos, quem somos, o que somos e, principalmente, como somos. Se comparações forem feitas, não apenas estaremos fazendo o jogo dos doutores, como estaremos criando Castas Mentais injustas e falsas .Então não vamos julgar, comparar, classificar nossos camaradas.
Não vamos deixar ninguém falar mal do Autismo. Não vamos deixar ninguém culpar o Autismo por nada. E não vamos culpar o Autismo por nada, afinal, como disse antes, nós temos que dar o exemplo, nós somos o exemplo, as pessoas sabem que somos Autistas, mas se nos deixarmos cooptar pela perversa visão patologizante do Autismo, o que pensarão de nós/O que pensarão do Autismo? No mínimo vão achar que estamos dando o nosso aval a esta visão preconceituosa, discriminatória e estigmatizante do Autismo que nossos adversários tem.Então temos que amar nossos Autismos, e demonstrar públicamente nosso amor por nosso querido e valioso, precioso Autismo, nosso tesouro, o que temos de melhor em nós mesmos, e procurar conscientizar outros Autistas, pais, mães e doutores e mostrar que nós estamos certos e os seguidores da visão patologizante do Autismo estão errados. Afinal, não há como haver Inclusão sem uma Imagem Pública Positiva do Autismo. Não há como combater a estigmatização e o preconceito contra o Autismo sem uma Imagem Pública do Autismo. A imagem que o público tem de nós é fundamental, não apenas para sermos aceitos, mas para conquistarmos os nossos direitos.E esta imagem junto ao público tem de ser positiva. Porque a verdadeira Inclusão, com dignidade, a Inclusão que queremos, só se faz mediante a Admiração, ninguém inclui por dó, por pena.No máximo adota como animalzinho de estimação.A Sociedade é cruel, é doente, é perversa e não perdoa quem ela acha que seja "menos" que ela. Pelo contrário, ela estigmatiza, segrega, marginaliza-e até quando nós, Autistas, vamos continuar 'a margem da Sociedade/Como poderemos ser cidadãos plenos sem uma Imagem Pública Positiva que faça com que o público nos admire e abra os braços para nos receber, nos vendo no mesmo nível que eles?Ora, somos diferentes sim, mas somos equivalentes. Não somos deficientes em relação a eles, somos equivalentes, especialmente em qualidade e valor. E temos de nos valorizar e impor o respeito a nós, temos de ter orgulho de nós e de quem somos, pois se não o tivermos, quem terá por nós?Então somos nós, que temos de ser os primeiros a nos unir, a nos mobilizar, a exercer nossa militãncia pelos nossos direitos e pelo reconhecimento público da Sociedade , de que somos seres humanos, cidadãos, não meros diagnósticos com duas pernas.É muito bom que pais, mães e ativistas pelo Autismo se unam a nós e nos ajudem, sem dúvidas, é precioso e salutar. Mas a primeira iniciativa tem de ser a nossa, e o exemplo, também. Afinal...Nada mais sobre nós sem nós ! Autistas, unidos , jamais serão excluídos !
Cristiano Camargo

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A Triste desvalorização dos Ativistas Autistas



Infelizmente existe um imenso e intenso preconceito contra os Ativistas Autistas pelo Autismo, quando se trata do acompanhamento dos Autistas, desvalorizando sua expertise e experiência prática e supervalorizando profissionais diplomados e graduados, quase sempre neurotípicos, que se dizem “especialistas em Autismo” , mas que na verdade não tem qualquer conhecimento do Lado de Dentro do Autismo, que só os Ativistas Autistas tem.
Isto advém não apenas do preconceito contra os Autistas via psicofobia ou via visão patologizante/espectrista/reducionista/infantilizadora do Autismo, mas também pelo preconceito contra os Autodidatas e contra a própria prática do Autodidatismo, vista injustamente com maus olhos pela Sociedade, e por isto mesmo, intensamente desvalorizada e ignorada, como se não existisse.
É flagrante, por exemplo, a ausência total de palestrantes Autistas autodidatas nos Congressos, Simpósios , etc, oficiais de universidades e entidades de classe científicas sobre Autismo. Falam de nós Autistas, com uma distância, uma frieza, como se não fôssemos reais, mas como se fossemos seres teóricos , imaginários, verdadeiros fantasmas , e o que mais se vê nos anais destes eventos científicos/acadêmicos são verdadeiros exercícios de adivinhação, conjecturas e suposições, muitas delas absolutamente fantasiosas e absurdas.O conceito de que Autistas não teriam empatia nem Teoria da Mente, por exemplo, veio destes eventos promovidos pelos tais “especialistas” cheios de diplomas, mas vazios de sensibilidade e humanidade, tentando conferir objetivodade a uma matéria (Autismo) que não poderia ser mais subjetiva.E, ao nos excluir e garantir um foro privilegiado para si mesmos, estes senhores e estas senhoras se mostram excludentes, portanto preconceituosos e psicofóbicos.
Falam mal do Autismo sem parar, e, covardemente, não nos dão o direito de nos defendermos das acusações a que nos fazem diuturnamente.
Mas não é só neste meio tão elitista, orgulhoso e arrogante, presunçoso, que o preconceito contra os Autistas e os autodidatas se dá.
Também nas redes sociais e inclusive nas Comunidades sobre o Autismo, muita gente prefere confiar na palavra de um doutor diplomado, que muitas vezes nunca conviveu com um Autista na vida, no dia a dia, do que confiar na palavra de um consultor ativista autista autodidata, que pode não ter diploma, mas tem o prazer de viver o Autismo na pele todo santo dia e que o conhece profundamente, especialmente pelo lado de dentro, não apenas de sua própria experiência pessoal, mas de sua convivência diária com outros autistas e com  muitas mães e muitos pais de autistas, o que lhes confere uma experiência de orientação sobre o assunto preciosa e instimável, que não deve ser desvalorizada  de maneira alguma.
São pessoas que fazem o Bem de graça, apenas pelo prazer de fazer o Bem e de levar um sorriso a outro Autista e seus pais.
E que tem muito a contribuir com a Ciência, a Psiquiatria, a Psicologia e demais áreas relacionadas, sem falar nas contribuições para a construção de um sistema escolar mais adequado a Autistas e a incluí-los.
Pesquisadores, Professores Universitários e pesquisadores das áreas relacionadas ao Autismo tem muito a ganhar e aprender conosco e nos valorizar, e deveriam substituir sua mentalidade patologizante (que vê o Autismo como se fosse doença, transtorno, etc), espectrista(que ainda adota a ultrapassada teoria de “espectro do Autismo” ao invés da moderna Neurodiversidade), reducionista (que reduz o Autista a um simples diagnóstico  e tira sua humanidade, ao invés de reconhecer que o Autismo como uma Diferente Natureza de Ser, que faz parte da diversidade natural humana) e infantilizadora( que vê os Autistas, mesmo adultos, como se fossem eternas crianças , que nunca amadureceriam e nunca se desenvolveriam ou teriam um desenvolvimento anômalo  , o que é, é claro, uma acepção falsa , desinformada e preconceituosa, ignorando totalmente as 3 fases do Processo de Amadurecimento e Desenvolvimento Autista, um processo absolutamente natural e sadio), pela Visão Positiva do Autismo e pela Neurodiversidade, as duas vertentes mais modernas, reais e verdadeiras dos conhecimentos sobre o Autismo.
O autodidatismo já deu contribuições notáveis e imprescindíveis ‘a Ciência e ao Conhecimento da Humanidade. E muitos destes autodidatas, referidos frequentemente como “gênios”, eram Autodidatas sem um único diploma, e eram Autistas !
Não que todo Autista seja “gênio”, claro, muito longe disto. A grande maioria dos Autistas não são, nem nunca foram, nem nunca serão “gênios”, como, aliás, a grande maioria dos neurotípicos também.
Pode -se dizer inclusive que o rótulo de “gênio” esteja para a realidade como o conceito de “mágica” estava para os povos ignaros durante a História da Humanidade. Ou seja, chama-se de “gênio” aquele que viu o que outros nunca tinham se dado conta que existia antes, e que tiveram uma idéia realmente criativa de como abordar um assunto, então, quem descobria coisas que as pessoas consideravam assombrosas, simplesmente por que ninguém tivera esta idéia antes, e não notara tais detalhes antes, as pessoas os chamavam de “gênios”, assim como chamavam de mágica tudo o que seus conhecimentos não podiam explicar.
De qualquer forma, é hora de aceitar que o Autodidatismo é tão valioso quanto o Academicismo e que pode contribuir para a Ciência e para a Sociedade tanto quanto o academicismo, e assim, valorizar e incluir nos eventos científicos oficiais  os ativistas autodidatas autistas.
Assim, é mais do que hora de nós Autistas nos unirmos e levantarmos nossas vozes e nos fazer ouvir, brandando com coragem :”-Nada mais sobre nós sem nós” e “Autistas unidos jamais serão excluídos”, pois isto é o justo, temos de cobrar esta dívida da Ciência e da Sociedade para conosco !

Cristiano Camargo