domingo, 31 de janeiro de 2021

Interações Sociais Autísticas na Sociedade

 

O Autismo é uma diferente Natureza de Ser, que faz parte da Diversidade Natural Humana. Todos os Autistas são muito diferentes entre si, sem graus, níveis, classificações, apenas diferentes, ponto. Assim, cada Autista reagirá de uma maneira diferente ao bullying e ao preconceito. Porém, a Natureza Autística, ou mais, ou menos pronunciada em cada indivíduo Autista, é contemplativa e autodidata, de forma que é muito comum Autistas aprenderem sozinhos os assuntos que amam, uma grande fascinação pela descoberta do conhecimento, e assim, muitos tem necessidade imperiosa de solitude, ou seja, silêncio e isolamento para criar, produzir "filosofices", mergulhar em ricos e complexos mundos de fantasia e criatividade. Porém, Sociabilidade e Interação Social não são obrigações, devem ser opções de cada um(a) a serem respeitadas. E muitas vezes , a pressão social pela sociabilidade e interação vão contra esta natureza de ser contemplativa, autodidata, criativa. Para quem não tem o privilégio de nascer com uma Natureza de Ser admirável como esta, é difícil compreendê-la, por que ela não é o padrão da Sociedade Não-Autista, pois este padrão é o de ser copia-e-cola, preguiçoso para pensar, ser maria-vai-com-as-outras, se acomodar em zonas de conforto e ser individualista e sociável, mas uma sociabilidade vazia, de relaçoes superficiais individualistas, narcisísticas , egoístas e ególatras, competitiva ao invés de cooperativa, sem empatia.As interações sociais exercem a hipocrisia e a "Lei do Gérson".Vale a pena inserir o Autista em uma rede de interações sórdidas e existencialmente vazias , rasas, como esta, alguém que com frequencia é tão sensível e tão altruísta, tem tanta empatia e teoria da Mente?Isto vai da reflexão e decisão de cada um, não me cabe julgar. Mas se quisermos esta Inclusão, precisa ser uma Inclusão de verdade. Por que digo isto? Por que esta história de "O Autista tem de se adaptar 'a Sociedade para ser sociavel e interagir socialmente e interagir socialmente para que ele possa ser incluído" não está com nada, é completamente equivocada e preconceituosa e autoritária também. Não é o Autista quem tem de se mutilar mentalmente e deixar de ser contemplativo e se comportar como se fosse não -autista para ser incluso. Esta não pode ser um exigência da Sociedade, uma condição para que ele seja aceito na Sociedade. Por que não se incluem os iguais, eles já estão inclusos. Incluir significa admitir em seus círculos os Diferentes , compreender profundamente e respeitar suas Diferenças. Isto é ser honrado, ser magnãnimo, ter caráter reto e ser honesto, ser Moral e Civilizado.Então é a Sociedade quem tem a obrigação moral de se adaptar , entender e aceitar ao Autista como ele é, sem encará-lo como se ele fosse doente ou portador de um transtorno, pois aí, além de ser um ato psicofóbico e preconceituoso, seria colocá-lo dentro da Sociedade com um status social inferior aos demais, para mantê-lo sob controle, sem autonomia, independência nem liberdade, ou seja, sem dignidade.Outra coisa que precisa ser entendida é a de que Ser sociável e ter interações sociais não só não é obrigação de ninguém, como não pode ser estabelecida como condição para a Inclusão. Por que toda Inclusão é, e deve ser sempre, INCONDICIONAL .

. Além do mais, eis que pois, não é necessário ser sociável nem interagir socialmente para estar incluido(a) na Sociedade. A pessoa pode ser isolada, trabalhar em home office, ganhar seu dinheiro, se sustentar, pagar seus impostos e contribuir com a Sociedade através de seu trabalho.E estará incluso, mesmo não interagindo comumente com ninguém, só virtualmente.

Assim, o papel dos pais de Autistas deve ser o de educar seus filhos para a independência, autonomia, liberdade, e ensiná-lo a se impor perante os outros e impor o respeito. E o dos pais de não-Autistas deve ser o de educar seus filhos a entenderem e aceitarem e admirarem as Diferenças e a não praticarem bullying nem chacotas. E o das autoridades educacionais e da Sociedade é punir os praticantes de bullying e conscientizá-los. Por que se não tiver algum tipo de punição, não só não aceitarão a conscientização, como vão se apoiar na impunidade para continuar fazendo chacotas e batendo, espancando, matando.Então o certo é chamar os pais das crianças que zoam com Autistas e conclamá-los a punir seus filhos por isto e os conscientizarem da importãncia de tratar os Autistas com respeito e dignidade.Só educando as atuais e futuras gerações de não-Autistas, poderemos terminar com este preconceito que já começa na infãncia-e que pode piorar com o tempo.Então nada de chorar, é se impor as crianças que zoam com seus filhos, pegar os nomes dos pais deles e fazer reuniões com eles , de conscientização e exigindo reparações e providências. É preciso muita objetividade nesta hora, se quiserem defender seus filhos e impedir que sejam vítimas de novo. Nós, Autistas, agradecemos !

Cristiano Camargo