quinta-feira, 4 de março de 2021

Autismo: Opositor Desafiador a quem?

 

Opositor Desafiador a quem? A o quê?
A Psiquiatria chama de Transtorno Opositor Desafiador toda pessoa, sobretudo criança, seja ele/ela autista ou não,que não seja absolutamente obediente aos pais (ou 'a própria Sociedade) de modo absolutamente servil, que não seja totalmente submissa, cativa, calada, quietinha, e que não aguente todos os abusos arbitrários de autoridade sem reclamar, sem protestar, sem dar o troco na mesma ou em diferente moeda.
Não seria o comportamento "transgressivo" da criança mera resposta 'a transgressão e autoritarismo que sofre? Não será ela uma vítima?Não terá ela direito de reagir 'a altura, do jeito que sabe?E não se está falando só de pais: muitas vezes o sistema escolar pode ser opressor e autoritário, colegas de escola idem, funcionários da escola idem, parentada idem, vizinhos idem.E 'as vezes é simplesmente pressão demais de todos estes lados por sobre a criança e uma hora ela explode, e se as provocações autoritárias são sistemáticas e frequentes, mais frequente será o comportamento agressivo, "transgressor", "opositor", "desafiador".
Afinal, a quem a criança desafia?Não , não é a quem manda nela, é ao comportamento de mandar nela, o comportamento de abusar de mandar nela. O que é chamado de desafiador, é assim chamadom por que quem chama este comportamento disto se sentie pessoalmente desafiado(a) pelo comportamento da criança, e no fundo o "desafio" está em forçar na marra a obediência, a submissão, a servilidade e subserviência da criança 'a quem manda nela, seja com remédios psiquiátricos calmantes e dopadores, seja com "terapias"/"métodos", seja com "punições físicas exemplares" sistemáticas. Nunca é aventado que 'as vezes, muitas vezes, o problema não está na criança, e seu comportamento, mas em quem manda e abusa do poder de mandar.Nunca se manda quem manda para um acompanhamento psicológico, só a criança.Por que sempre pensam que o problema seja sempre ela, só ela.
Só que criança calada, quietinha, obediente demais, e que não dá trabalho, é criança doente. Criança dá trabalho sim, e tem o direito de dar trabalho, de desobedecer e errar, e todo pai e toda mãe precisam estar cientes disto e precisam aceitar este "trabalho" que a criança vai dar como natural e inevitável, e devem se certificar de que tem estrutura psíquica para suportar isto. Não dá para querer se pai ou mãe e ter esperança de que o filho ou a filha nunca vá desobedecer nem nunca vai dar trabalho nenhum, pois crianças não são bichinhos de pelúcia, que a gente coloca numa prateleira e ele fica lá quietinho, pela eternidade.Vai dar trabalho sim, vai desobedecer muito sim, vai quebrar as coisas sim, vai se machucar, se acidentar, vai cair da bicicleta tentando empinar, é simplesmente natural a criança desobedecer e aprontar, fazer bagunça, dar trabalho, fazer birra, é próprio da infância, esta fase de aprendizado, então o papel dos pais não é impedir que ela desobedeça, é se certificar que ela aprenda com seus erros e amadureça, é ensinar.E quanto maior o autoritarismo e punitivismo, e qto mais estes sejam sistemáticos, maior a revolta que causarão. Não se trata de "fazer todas as vontades da criança" (argumento típico dos autoritários), se trata de que disciplina tem limites, e autoridade dos pais também, há que se saber até onde se pode ir. E há que se entender que pais e mães são humanos como quaisquer outras pessoas e podem errar sim, quem não erra nunca?E assim como podem errar, podem aprender com seus erros também para acertarem na próxima vez. A autoridade tem de ter um propósito e este não pode ser o de conseguir o respeito das crianças pelo medo -aí é desrespeitar as crianças. O respeito precisa advir naturalmente e espontâneamente, quem gera o verdadeiro respeito é o Amor, não o Pavor.Por que quem ama, respeita! E isto vale tanto para o lado dos filhos como para o lado dos pais.
A Psiquiatria faz isto para tentar passar para estas pessoas e para a sociedade, que filho saudável é filho submisso, cativo, servil, calado ,subserviente, sem opinião nem vontade própria, sem visão crítica da realidade e de que é "normal" e "saudável" os que ela considera "normais" serem neuróticos, autoritários e impacientes, estressados . Sim, é uma questão política, não de psiquiatria.
Autoritarismo parental existe sim, sobretudo do membro masculino dos progenitores(mas não só dele, embora dele seja o mais comum), mais do que a hipócrita sociedade quer admitir.
E sim, vários psiquiatras são neuróticos, ansiosos, autoritários e estressados.Podem nem passar isto para seus clientes, mas tiram a máscara desumana de auto controle "divino" quando chegam em casa para suas famílias.Claro que nem todos, mas vários.
E vários deles passam esta neurose, este autoritarismo, esta ansiedade, este stress e esta ideologia absolutista para seus trabalhos científicos, para criar transtornos que, no fundo, são expressões da sua própria psiquê, da forma autoritária com que veem o Mundo, as pessoas. Outros, por ganãncia, para terem mais clientes e prescreverem mais remédios, terem mais lucros, patologizando o que é saudável e natural. Ainda assim,certos psiquiatras tem um ditador dentro de si (especialmente os que redigem o CID/DSM), que grita para se libertar e sair do armário e romper a camisa de força do autocontrole...então, quem é transtornado opositor desafiador mesmo?
 
Cristiano Camargo

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